Após o anúncio de retirada da sobretaxa de 40% sobre diversos produtos brasileiros, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou um estudo que revela que, a partir de agora, 37,1% das exportações entre Brasil e Estados Unidos não possuem nenhuma cobrança tributária.
Ainda assim, 62,9% das vendas brasileiras aos EUA permanecem sujeitas a algum tipo de tarifa adicional, considerando tanto as medidas horizontais quanto as setoriais, como as aplicadas para aço e alumínio.
Os cálculos da CNI consideram dados de 2024, com base em estatísticas da Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos. De acordo com o levantamento, 32,7% das exportações ainda continuarão sofrendo a cobrança de 50%.
Veja como fica a situação das exportações brasileiras aos EUA, segundo a CNI:
– Isentos de sobretaxa: 37,1% das exportações (US$ 15,7 bilhões)
– Total de exportações sujeitas a algum tipo de tarifa: 62,9%
– Tarifa recíproca de 10%: 7,0% das exportações (US$ 2,9 bilhões)
– Tarifa adicional de 40%: 3,8% das exportações (US$ 1,6 bilhão)
– Tarifa combinada de 50% (10% de tarifa recíproca + 40% específica ao Brasil): 32,7% das exportações (US$ 13,8 bilhões)
– Tarifa setorial de 50% (Seção 232): 11,9% das exportações (US$ 5 bilhões)
Para o presidente da CNI, Ricardo Alban, as mudanças sinalizam disposição dos EUA para aprofundar a negociação sobre as tarifas que ainda impactam setores da indústria. “Setores muito relevantes, como máquinas e equipamentos, móveis e calçados, que tinham os EUA como principais clientes externos, ainda não entraram na lista de exceções. O aumento das isenções é um sinal muito positivo de que temos espaço para remover as barreiras para outros produtos industriais. Esse é nosso foco agora”, avalia Alban.
Retirada de tarifas de 40% dos EUA sobre produtos brasileiros
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou as tarifas de 40% aplicadas a uma série de produtos brasileiros — entre eles carne e café, cuja tarifa foi zerada. A medida adotada pelo norte-americano se aplica aos itens listados pela Casa Branca e que entraram no país após 13 de novembro.
A derrubada ocorre quatro meses após o tarifaço, quando, entre alegações econômicas e políticas, Trump impôs uma sobretaxa sobre os produtos brasileiros. Em outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encontrou com o mandatário norte-americano na Malásia. Ali, indicaram o início de um acordo comercial para pôr fim ao tarifaço.
A ordem publicada pelos Estados Unidos nessa quinta-feira (20) se aplica também às frutas, como açaí e manga, e às castanhas. Os efeitos dela se acumulam à decisão do último 14 de novembro, quando Trump reduziu em 10% as tarifas de importação sobre produtos alimentícios para todos os países. Em relação ao Brasil, a medida em questão impactou em uma diminuição da alíquota de 50% para 40%. Agora, ela cai para zero.
O Ministério da Indústria, com o vice-presidente Geraldo Alckmin à frente, assumiu a dianteira das negociações por designação de Lula após o anúncio do tarifaço em julho. A pasta não reagiu à recente ordem executiva de Trump, e os técnicos do ministério ainda se debruçam sobre o teor da decisão.
Fonte: O TEMPO





