O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta sexta-feira (13) pela condenação de Shirley de Andrade a 17 anos de prisão por participação nos atos golpistas de 8 de Janeiro. O julgamento ocorre no plenário virtual da Corte, onde os demais ministros têm até o dia 24 de junho para depositar seus votos.
A acusada foi enquadrada pelos crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), Shirley participou dos ataques de forma “livre, consciente e voluntária”. Sua atuação foi revelada a partir da apreensão de seu celular, que continha áudios, vídeos e dados de geolocalização que comprovam sua presença e ações durante a invasão às sedes dos Três Poderes.
Em áudio enviado a um grupo de WhatsApp no dia 8 de janeiro, a ré celebrou a depredação: “Invadimos o STF, invadimos o Congresso, invadimos o Planalto (…). Todo mundo machucado, mas quebramos o STF inteiro, todinho, inteiro.”
“Só sai se o Exército vir”
Segundo a denúncia, Shirley foi além da participação passiva. Em outras mensagens, ela afirmou que os invasores só deixariam os prédios após a decretação de uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem), exigência comum entre os golpistas que esperavam uma intervenção militar.
Ela ainda gravou vídeos nas dependências do STF, ironizando a destruição do local:
“A casa do Xandão acabada. O grito qual que é? Perdeu, Mané! Só sai se o Exército vir. Senão, nós vai preso.”
Moraes também destacou que os dados de geolocalização do celular de Shirley mostram sua presença em Brasília nos meses anteriores aos atos, especificamente em novembro e dezembro de 2022. Segundo o ministro, isso reforça a tese de planejamento e organização prévia.
Ao justificar o voto, Moraes afirmou que os elementos do processo “superam qualquer dúvida sobre o envolvimento da ré”:
“As evidências digitais forenses, registros audiovisuais, comunicações em tempo real e dados de geolocalização se alinham, de modo a superar qualquer dúvida sobre o envolvimento da ré.”
Para o ministro, as próprias mensagens enviadas por Shirley constituem uma confissão explícita e detalhada de sua liderança e execução dos atos criminosos.
Fonte: InfoMoney