ARACAJU/SE, 25 de setembro de 2025 , 17:55:11

Operação contra PCC: postos de combustíveis ativos movimentaram R$ 4,5 bilhões em quatro anos

 

Durante as investigações que levaram à operação contra a infiltração do Primeiro Comando da Capital (PCC) no setor de combustíveis, a Receita Federal e o Ministério Público de São Paulo (MPSP) identificaram que ao menos 267 postos ainda ativos movimentaram mais de R$ 4,5 bilhões em quatro anos. A ação cumpre mandados no estado de São Paulo, nesta quinta-feira (25).

A Receita afirma que, entre os mais de R$ 4,5 bilhões que foram movimentados entre 2020 e 2024, apenas R$ 4,5 milhões foram pagos em tributos federais. Esse valor, por sua vez, corresponde a 0,1% do total, percentual considerado muito abaixo da média do setor quanto ao pagamento aos cofres públicos.

Segundo a Receita, o principal alvo da operação, Flávio Silvério Siqueira, conhecido como Flavinho, tem extensa ligação com uma rede de postos de combustíveis usada para lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. Formalmente, um único prestador de serviço controlava cerca de 400 postos, sendo 200 desses vinculados ao alvo da ação e aos associados dele.

As investigações ainda apontam que os investigados usavam postos de combustíveis, motéis, e lojas de franquias, além de empreendimentos imobiliários, como instrumentos centrais para a lavagem. Flavinho seria um dos principais operadores de uma organização criminosa que atua há mais de duas décadas no mercado de combustíveis no Estado de São Paulo.

A organização criminosa movimentava milhões de reais pela mesma fintech utilizada nos alvos da Operação Carbono Oculto, o que aproxima a ação realizada nesta quinta-feira da que ocorreu no último dia 28 de agosto.

As investigações tiveram início a partir da apreensão de máquinas de cartão em casas de jogos clandestinos situadas na cidade de Santos, que estavam vinculadas a postos de combustíveis. A análise das movimentações financeiras revelou que os valores eram transferidos para a fintech, utilizada para ocultar a origem ilícita dos recursos e sua destinação final.

Como funcionava o esquema

O sofisticado esquema revelado na Operação Carbono Oculto, deflagrada no fim do mês de agosto, também era operado pelos alvos da “Spare”.

Segundo as investigações, recursos ilegais eram inseridos no setor formal por meio de empresas operacionais. Esse movimento se dava em espécie e por maquininhas via fintechs, e posteriormente os recursos lavados eram reinvestidos em negócios, imóveis e outros ativos, por meio de Sociedades em Conta de Participação (SCP).

Durante as fiscalizações da Receita, foram identificados 21 CNPJs ligados a 98 estabelecimentos relacionados a uma mesma franquia, todos em nome de alvos da operação desta quinta. Mais de 60 motéis também foram identificados, a maioria em nome de “laranjas”, com movimentação de R$ 450 milhões entre 2020 e 2024. Esses estabelecimentos contribuíram para o aumento patrimonial dos sócios, com distribuição de R$ 45 milhões em lucros e dividendos.

Entre os indícios que apontaram conexão entre a operação desta quinta com a “Operação Carbono Oculto” e a “Operação Rei do Crime”, estão transações comerciais e imobiliárias entre os investigados, uso compartilhado de helicópteros e reservas conjuntas de passagens para viagens internacionais.

Fonte: CNN Brasil

 

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