Depois de pedir a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por liderar uma tentativa de golpe no país, a Procuradoria-Geral da República (PGR) avalia solicitar o arquivamento do inquérito sobre a venda de joias sauditas no exterior.
Com a conclusão e envio das alegações finais sobre o golpe, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, volta seu foco para outras investigações ainda pendentes envolvendo Bolsonaro. Nesse contexto, o caso das joias virou uma das prioridades.
A Polícia Federal (PF) indiciou, em julho de 2024, Bolsonaro e outras 11 pessoas por associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos. Mais de um ano depois, ainda não houve definição da PGR sobre oferecer ou não denúncia.
O relatório da PF diz que a venda das joias, recebidas de presente por Bolsonaro durante seu mandato no Palácio do Planalto, teve por objetivo o enriquecimento ilícito do ex-presidente. O valor da operação é de aproximadamente R$ 6,8 milhões.
Interlocutores de Gonet dizem que o indiciamento não significa necessariamente que a PGR vá apresentar a denúncia. A prova disso é o inquérito sobre a suposta fraude no cartão de vacinação, que foi arquivado a despeito do indiciamento de Bolsonaro pela PF.
No caso do comprovante de vacina contra a covid-19, Gonet entendeu que não poderia oferecer denúncia com base unicamente na palavra do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator das supostas ilegalidades cometidas pelo ex-presidente.
Ou seja, diferentemente da ação sobre o golpe de Estado, o procurador-geral não viu provas que comprovassem as falas de Cid. Fontes próximas a Gonet afirmam que ele pode ir pelo mesmo caminho na investigação sobre as joias.
Além disso, ao pedir o arquivamento, o procurador-geral daria uma demonstração de que atua tecnicamente, com base nas provas coletadas ao longo do processo, o que afasta a narrativa bolsonarista de que o ex-presidente é alvo de perseguição.
Fonte: CNN Brasil