O transporte de cargas no Brasil convive com um paradoxo: a digitalização avança, mas o roubo ainda pesa na conta. Em 2024, o prejuízo chegou a R$ 1,2 bilhão, alta de 21% em relação ao ano anterior, segundo a ICTS Security. Apesar da queda de 11% nas ocorrências, as quadrilhas se especializaram em produtos de maior valor. O Estado de São Paulo concentra quase metade das perdas (47,2%) e segue como o epicentro do problema.
Entre as empresas que tentam reduzir o risco na estrada, a PX vem ganhando destaque. Utilizando uma tecnologia própria, a startup de Joinville (SC) desenvolveu uma plataforma que conecta transportadoras a profissionais digitais por meio do modelo Motorista PX e Ajudante PX. Chamada Radar PX, essa plataforma funciona como uma gerenciadora de risco exclusiva do Motorista PX, desenvolvida para atender às particularidades do seu ecossistema.
Um sistema exclusivo do Motorista PX
Nos primeiros quatro meses, a Radar PX mapeou mais de 11 mil profissionais e foi certificada com excelência pela Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg). Atualmente, o sistema é aceito por 16 seguradoras — o equivalente a 95% das carteiras de transporte do país.
Segundo André Oliveira, CEO e cofundador da PX, a decisão de criar uma solução própria veio da necessidade de aprofundar o controle sobre os dados. “Sentimos a necessidade de ter a nossa própria consulta pelo nível de detalhamento, velocidade e histórico. Queremos guardar todo o passado para conseguir prever comportamentos futuros”.
A exclusividade da Radar PX permite à empresa consolidar informações históricas e operacionais em uma base única, fortalecendo a análise de risco.
O novo perfil do profissional digital
O diferencial da Radar PX é reconhecer um novo tipo de profissional: o “motorista digital”. Até agora, o mercado classificava os condutores entre CLT, agregados e autônomos. A PX adiciona um quarto grupo, formado por motoristas independentes que atuam via plataformas digitais, com rotas, pontuações e históricos rastreáveis.
Michel Bezerra, diretor de Riscos da PX, explica: “Nosso foco é dar previsibilidade à operação. Com dados consistentes, o transportador tem mais segurança sobre quem vai assumir a rota”. O resultado se traduz em números: a PX está há 23 meses sem registro de apropriação indevida e mantém taxa de roubo inferior a 1%.
Da base de dados ao prêmio do setor
O modelo Motorista PX já é conhecido no setor por oferecer maiores margens, graças à flexibilidade e à facilidade de contratação da mão de obra. Com a Radar PX, esse modelo ganha uma camada adicional de segurança, reforçando a confiança de transportadoras e seguradoras.
O modelo, inclusive, chamou atenção do setor de seguros. A Radar PX foi indicada pela Revista Seguro Total ao Prêmio Gaivota de Ouro, o mais tradicional da área, nas categorias “Inovação”, “Desbravadores” e “Capacitação Profissional”. A PX foi homenageada ao lado de nomes como Bradesco Seguros, Grupo HDI e MetLife.
“A Radar nasceu da experiência direta com transportadores e seguradoras. Criamos uma ponte que gera valor para toda a cadeia”, destaca Oliveira.
A Radar PX não se limita à análise de perfis. A ferramenta reúne gestão de sinistros, monitoramento de infrações e gamificação, termo usado para descrever a aplicação de metas e recompensas na rotina dos motoristas. Cada operação alimenta uma base única, permitindo detectar padrões e prever desvios com antecedência.
Fonte: EXAME





