ARACAJU/SE, 30 de maio de 2025 , 22:53:29

Saiba qual é o país autossuficiente em comida no mundo

 

Um levantamento inédito sugere que só um país é capaz de produzir alimentos suficientes para abastecer todos os seus cidadãos. Segundo os pesquisadores que assinam o estudo, as outras nações dependem, necessariamente, das importações estrangeiras para garantir a dieta equilibrada de sua população.

O estudo foi desenvolvido em uma parceria da Universidade de Goettingen, na Alemanha, com a Universidade de Edinburgh, no Reino Unido. Seus resultados, publicados na revista Nature Food no dia 16 de maio, consideram a realidade agropecuária de 185 regiões no que se refere a sete grupos nutricionais: frutas, vegetais, laticínios, peixes, carnes, proteínas vegetais e alimentos ricos em amido.

Autossuficiência alimentícia

A pesquisa indica que somente a Guiana, país da América do Sul que é vizinho do Brasil, pode ser considerada um país de autossuficiência total, já que garante a produção local dos sete grupos nutricionais. Na cola dela, a China e o Vietnã aparecem em segundo lugar no ranking, à medida que são capazes de plantar suficientemente seis dos sete tipos de alimentos.

Os dados projetam que uma em cada sete nações do mundo é “autossuficiente” em cinco ou mais categorias, sendo os países da América do Sul e da Europa aqueles que, em geral, mais se aproximam de tal status. O Brasil, que só não consegue garantir a alimentação sem importação em dois dos sete grupos (vegetais e peixes), exemplifica isso.

Em todo o mundo, o estudo também descobriu que 65% das regiões analisadas estavam produzindo carne e laticínios em excesso. Esse desequilíbrio foi percebido em comparação às próprias necessidades alimentares de suas populações.

Da mesma forma, notou-se uma escassez global de plantas ricas em nutrientes. Menos da metade dos países envolvidos no estudo produz proteína vegetal suficiente para manter uma dieta ideal. Isso representa um baixo plantio de feijão, grão-de-bico, lentilha, nozes e sementes.

Problemas para atingir a autossuficiência

Estados insulares, países da Península Arábica e regiões em subdesenvolvimento são os mais propensos a depender de importações estrangeiras. O estudo destaca, inclusive, que seis deles – Afeganistão, Emirados Árabes Unidos, Iraque, Macau, Catar e Iêmen – não produzem sequer o suficiente de um grupo para serem considerados autossuficientes em uma única categoria.

Mas por que, afinal, o único país que produz todo o alimento que precisa é um país subdesenvolvido? A autossuficiência alimentar não está associada à riqueza. “A baixa autossuficiência não é algo inerentemente ruim”, explica Jonas Stehl, primeiro autor do projeto, à BBC Science Focus. “Existem razões válidas e muitas vezes benéficas pelas quais um país pode não produzir a maior parte dos alimentos de que necessita”.

Isso pode ocorrer, por exemplo, em razão da baixa pluviosidade, de um solo de pouca qualidade para o plantio ou temperaturas instáveis para cultivar alimentos suficientes para a população. Nesses cenários, por vezes, pode ser mais eficiente e econômico investir na importação de regiões com características mais adequadas para produzir os alimentos.

“No entanto, inegavelmente, os baixos níveis de autossuficiência podem reduzir a capacidade de um país de responder a choques repentinos no fornecimento global de alimentos”, observa Stehl. “Assim, estão mais suscetíveis a sofrer com os efeitos de secas, guerras ou proibições de exportação”.

Os debates sobre as vantagens da autossuficiência aumentaram após a pandemia da Covid-19 e o início da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Nas duas ocasiões, o fornecimento de alimentos precisou ser temporariamente interrompido, o que provocou falta de produtos e aumento dos preços em muitos mercados pelo globo.

Fonte: Revista Galileu

 

 

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