ARACAJU/SE, 12 de julho de 2025 , 14:34:27

Setores do agronegócio brasileiro se manifestam ante tarifaço do governo dos EUA

 

O Brasil deve ter uma “resposta firme e estratégica” à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor taxa de 50% sobre as exportações brasileiras, na avaliação da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

“É momento de cautela, diplomacia afiada e presença ativa do Brasil na mesa de negociações”, diz a nota da bancada ruralista. “A diplomacia é o caminho mais estratégico para a retomada das tratativas”.

Presidida pelo deputado Pedro Lupion (PP-PR), a FPA disse que a medida de Trump “representa um alerta ao equilíbrio das relações comerciais e políticas entre os dois países” e que “produz reflexos diretos e atingem o agronegócio nacional, com impactos no câmbio, no consequente aumento do custo de insumos importados e na competitividade das exportações brasileiras”.

Lupion, que tem no currículo ter defendido a anistia do ex-presidente Jair Bolsonaro, repostou em suas redes sociais uma mensagem do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), publicada na noite de quarta-feira (9).

“Não adianta se esconder atrás do Bolsonaro. A responsabilidade é de quem governa. Narrativas não resolverão o problema”, diz a mensagem de Tarcísio publicada pelo líder da bancada ruralista.

A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) disse que a “medida unilateral não se justifica pelo histórico das relações comerciais entre os dois países, que sempre se desenvolveram em clima de cooperação e de equilíbrio, em estrita conformidade com os melhores princípios do livre comércio internacional”.

‘Natureza política’

Em nota divulgada na quinta-feira (10), a CNA destacou ainda que “medidas desta natureza prejudicam as economias dos dois países, causando danos a empresas e consumidores” e disse que “economia e o comércio não podem ser injustamente afetados por questões de natureza política”.

“Qualquer análise das relações entre os Estados Unidos e o Brasil, seja no campo no comércio ou dos investimentos, terá sempre que concluir que essas relações sempre serviram aos interesses dos dois países, não havendo nelas qualquer desequilíbrio injusto ou indesejável”.

Disse, ainda, que os produtores rurais brasileiros consideram que “essas questões só podem ser resolvidas em benefício comum por meio do diálogo incessante e sem condições entre os governos e seus setores privados”.

“Nossa esperança é que os canais diplomáticos sejam intensamente acionados para que a razão e o pragmatismo se imponham para benefício de todos, pois este é o único caminho que serve ao entendimento e à prosperidade”.

A CNA é presidida por João Martins, que defendeu a reeleição de Jair Bolsonaro em 2022. Em outubro daquele ano, num evento que contava com a presença de Bolsonaro e do candidato a vice, Walter Braga Neto, Martins disse a uma plateia de ruralistas que não havia espaço no Brasil para “o retorno de um candidato que foi processado e preso como ladrão”.

Anúncio de Trump

Foi por meio de uma carta que Trump anunciou que as exportações brasileiras sofrerão uma taxação adicional de 50% a partir do dia 1º de agosto.

Em tom duro, a carta diz que a decisão é uma resposta à perseguição que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estaria sofrendo no Brasil, devido ao processo criminal que enfrenta no Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado.

Além disso, Trump também justifica o aumento de tarifa argumentando que o Brasil adota barreiras comerciais (tarifárias e não tarifárias) elevadas contra os EUA, o que estaria desequilibrando o comércio entre os dois países.

O governo brasileiro refuta essa argumentação, já que a balança comercial tem sido favorável aos Estados Unidos. O lado americano acumulou saldo positivo de US$ 43 bilhões nos últimos dez anos, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China.

De acordo com dados da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham), os produtos brasileiros que tiveram maior aumento nas exportações aos EUA em 2025 foram carne bovina (alta de 196%), sucos de frutas (96,2%) e café (42,1%).

Entre os produtos mais exportados aos EUA de maneira geral, segundo a Agência Brasil, estão o açúcar, o café, o suco de laranja e a carne.

Na carta, Trump ameaça elevar ainda mais a tarifa sobre produtos brasileiros, se o país responder como uma tributação maior sobre importações americanas.

“Se por qualquer motivo você decidir aumentar suas tarifas, então qualquer que seja o número que você escolher para aumentá-las, ele será adicionado aos 50% que cobramos”, diz a carta a Lula.

Fonte: BBC News Brasil

 

 

 

 

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