Sergipe pode figurar como o primeiro estado do Brasil em casos de mortalidade infantil. A denúncia foi divulgada nesta sexta-feira, 20, pelo Sindicato dos Médicos do Estado de Sergipe (Sindimed). De acordo com a categoria, a projeção tem como base, além das denúncias, estudos do Comitê Nacional de Mortalidade Infantil, que devem ser publicados nos próximos meses.
No último estudo divulgado pelo Ministério da Saúde, publicado em 2021, tendo como base o ano de 2019, Sergipe estava na quarta posição do país e o primeiro do Nordeste, com média 17,7, sendo que a média nacional, à época, era de 13,3, e a do Nordeste, 15,2.
Em 2023, segundo a pediatra e neonatologista Dra. Aline Siqueira Alves, integrante da Sociedade Sergipana de Pediatria, a média de Sergipe subiu para 18,3. A taxa de mortalidade infantil é calculada por meio da quantidade de crianças que morrem antes de atingir 1 ano, a cada mil nascidas vivas.
Para o presidente do Sindimed, Dr. Helton Monteiro, os números são vergonhosos e inconcebíveis já que, na opinião dele, não há cabimento, em dias atuais, ainda existir crianças morrendo por falta de assistência adequada.
“O Sindicato dos Médicos do Estado de Sergipe vem a público denunciar os números alarmantes da mortalidade infantil em Sergipe. Segundo dados do Comitê, Sergipe pode, nos próximos dados oficiais, chegar ao primeiro lugar da mortalidade no Brasil. É um absurdo que, em plenos anos 20 do século 21, tenhamos crianças morrendo por falta de assistência no SUS (Sistema Único de Saúde), mulheres que sequer têm a oportunidade de fazer um pré-natal, maternidades que não têm condições adequadas para assistir a população”, disse o presidente do Sindimed, em tom de insatisfação.
Dr. Helton cobrou dos governos (estadual e municipais) mais compromisso com a saúde pública, isso porque a mortalidade infantil é um importante indicador das condições de vida de uma população. Valores elevados refletem precárias condições de vida e saúde e baixo nível de desenvolvimento social e econômico.
“Quero dizer aos gestores que, ao invés de estarem preocupados com festas, com shows, com a foto mais bonita que vai ser publicada na mídia social, façam o SUS acontecer, trabalhem de forma integral, com equidade. Façam com que o SUS chegue às populações mais miseráveis de nosso Estado. Saúde pública não se faz com oba-oba de um dia. As pessoas são negligenciadas durante anos e um dia não resolve o problema delas”, vociferou o presidente.
De acordo com a pediatra e neonatologista Dra. Aline Siqueira, durante entrevista ao Podcast A Voz do Médico, a posição em que Sergipe se coloca é vergonhosa.
“Sergipe é muito pequeno e isso não justifica, não tem por que. É uma coisa que seria fácil administrar, teoricamente. E o pior, mais de 60% são por mortes consideradas evitáveis”, relatou.