ARACAJU/SE, 15 de setembro de 2025 , 16:33:39

STF ainda julgará mais quatro núcleos da trama de golpe

 

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu, na última semana, o julgamento do chamado “núcleo crucial” da trama golpista. Oito réus, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, foram condenados à prisão por envolvimento no plano.

No entanto, os ministros ainda devem analisar os casos de outros quatro núcleos, conforme denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

A divisão em núcleos, de acordo com o tipo de atuação dos envolvidos, foi adotada inicialmente pela Polícia Federal e, depois, pela PGR.

O STF já aceitou as denúncias dos núcleos 2, 3 e 4, e 23 denunciados pela PGR se tornaram réus. A denúncia contra o núcleo 5, que tem só um denunciado, ainda não foi apreciada pela Primeira Turma.

Atualmente, os processos dos núcleos 2, 3 e 4 estão na fase de alegações finais, quando PGR e defesa apresentam os últimos argumentos para a absolvição ou condenação e ainda não têm data para julgamento.

Os crimes imputados a todos os réus são:

– Tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito;

– Tentativa de golpe de Estado;

– Organização criminosa armada;

– Dano qualificado;

– Deterioração de patrimônio tombado.

Núcleo 2

O grupo é acusado pela PGR de organizar ações para sustentar a tentativa de permanência ilegítima de Jair Bolsonaro no poder, em 2022.

Uma dessas ações seria o uso da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para dificultar a chegada de eleitores aos locais de votação em regiões onde o presidente Luiz Inácio da Silva era favorito, principalmente no Nordeste.

Réus neste núcleo:

– Filipe Martins (ex-assessor de assuntos internacionais de Bolsonaro);

– Marcelo Câmara (ex-assessor de Bolsonaro);

– Silvinei Vasques (ex-diretor da PRF);

– Mário Fernandes (general do Exército);

– Marília de Alencar (ex-subsecretária de Segurança do Distrito Federal);

– Fernando de Sousa Oliveira (ex-secretário-adjunto da Secretaria de Segurança do DF).

Núcleo 3

Formado por militares da ativa e da reserva do Exército, além de um policial federal, o grupo teria planejado ações táticas para viabilizar o golpe, incluindo pressão sobre o alto comando das Forças Armadas para obter apoio ao movimento.

A denúncia inicial incluía 12 pessoas, mas a Primeira Turma absolveu duas delas, entendendo que não havia provas suficientes contra os militares Cleverson Ney Magalhães e Nilton Diniz Rodrigues.

Réus neste núcleo:

– Bernardo Romão Corrêa Netto (coronel do Exército, preso na Operação Tempus Veritatis);

– Estevam Theophilo (general da reserva e ex-chefe do Comando de Operações Terrestres);

– Fabrício Moreira de Bastos (coronel);

– Hélio Ferreira Lima (tenente-coronel);

– Márcio Nunes de Resende Júnior (coronel);

– Rafael Martins de Oliveira (tenente-coronel, ligado ao grupo “kids pretos”);

– Rodrigo Bezerra de Azevedo (tenente-coronel);

– Ronald Ferreira de Araújo Júnior (tenente-coronel, citado em discussões sobre a minuta golpista);

– Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros (tenente-coronel);

– Wladimir Matos Soares (agente da Polícia Federal).

Núcleo 4

Classificado como o núcleo da desinformação, é formado por acusados que teriam atuado em conjunto com o núcleo principal da organização criminosa, produzindo e divulgando informações falsas para enfraquecer instituições democráticas.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que a denúncia foi baseada em evidências produzidas pelos próprios integrantes. “Não há como negar fatos praticados publicamente, planos apreendidos, diálogos documentados e bens públicos deteriorados”, destacou.

Réus neste núcleo:

– Ailton Gonçalves Moraes Barros (major da reserva do Exército);

– Ângelo Martins Denicoli (major da reserva);

– Giancarlo Gomes Rodrigues (subtenente);

– Guilherme Marques de Almeida (tenente-coronel);

– Reginaldo Vieira de Abreu (coronel);

– Marcelo Araújo Bormevet (policial federal);

– Carlos Cesar Moretzsohn Rocha (presidente do Instituto Voto Legal).

Núcleo 5

Este núcleo tem apenas um denunciado: o empresário Paulo Figueiredo, neto do ex-presidente da ditadura militar João Figueiredo.

Segundo a PGR, ele teria influência no meio militar por sua ascendência e teria incitado militares a aderirem ao golpe.

Como a denúncia ainda não foi avaliada pelo STF, Paulo Figueiredo não é considerado réu.

Fonte: R7

 

 

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