ARACAJU/SE, 20 de agosto de 2025 , 1:46:59

Temperaturas extremas deixam hospitais cheios e mudam rotina em cidade dos EUA

 

A cidade de Phoenix, no estado do Arizona, nos Estados Unidos, acaba de passar pelo período de calor extremo mais longo desde 1974. O município praticamente não tem temperaturas abaixo de 40°C há um mês. A temperatura média dos últimos 30 dias ficou acima de 43°C. Em alguns dias, a temperatura chegou a 47°C.

Desde abril, foram registradas 25 mortes na cidade relacionadas às altas temperaturas. Outras 249 mortes são investigadas. A maioria das vítimas é de idosos e moradores de rua.

Phoenix fica numa área de deserto nos Estados Unidos e é um exemplo do drama provocado pelo mês mais quente da história. Repórteres do Fantástico visitaram a cidade para mostrar a situação de quem vive – e sofre – em meio às altas temperaturas.

As ruas da cidade, onde prédios e o asfalto pioram a sensação térmica, vão ficando vazias à medida que a temperatura sobe durante o dia.

Sem-teto e expostos ao calor

A situação é ainda mais grave para quem não tem onde se refrescar como Marlene Fetty, empacotadora e sem-teto, que está morando dentro de seu carro. Quando esquenta, ela precisa recorrer a um abrigo do Exército da Salvação para descansar. Ao Fantástico, Lauren Philpot, gerente do abrigo mostrou que, no auge do calor diário, sob o sol, a temperatura dentro de um veículo pode chegar a 75°C.

“As pessoas chegam aqui com a respiração pesada, suando muito, desidratadas e exaustas. O calor simplesmente tira toda a energia delas”, contou a gerente de abrigo do Exército da Salvação.

A população de rua é a que mais tem sido impactada porque não há abrigo para todos. O resultado é que na última semana se formou um imenso acampamento em Phoenix. Centenas de pessoas em barracas, debaixo do sol escaldante, estão acampadas em frente ao centro de atendimento social da cidade.

Amy Schwabenlender, diretora da Human Services Campus, uma rede de atendimento à população de rua, contou que num dos centros visitados, pelo menos 2 mil pessoas são atendidas por dia. Mas à noite não há espaço para todos, e cerca de 800 pessoas passam à noite do lado de fora, expostas ao calor:

“Fico de coração partido. Qualquer um que precise pode entrar aqui durante o dia, mas não há espaço para todo mundo à noite.” relata.

Efeitos do calor no corpo

Segundo a médica Kara Gere, com o excesso de calor, as veias dilatam, a pressão arterial cai. É especialmente perigoso em quem tem outros problemas de saúde, geralmente no coração ou nos rins. Num hospital de Phoenix visitado pela reportagem, muitas pessoas chegam com confusão mental por causa da insolação. O hospital chegou a improvisar uma “cama de gelo” para atender casos extremos.

“Não passa de uma hora ou duas. Quando a temperatura do corpo baixa pra 39°C, a gente começa a esvaziar a maca. A essa altura, ele já consegue se comunicar. Aí, quando a temperatura do corpo baixa pra 38°C , ele é encaminhado aos cuidados necessários para a condição dele.” explica a médica Kara Gere.

Impactos das mudanças climáticas na saúde humana

O professor Ed Maibach, que estuda os impactos da mudança climática na saúde humana, alerta que as mudanças na temperatura e nos padrões de chuva vão amplificar outras causas de morte.

“O clima mais quente cria oportunidades para mosquitos, carrapatos e outros vetores de doenças se proliferarem, trazendo novas doenças infecciosas para lugares onde elas não existiam ou onde estavam sob controle. E existem os impactos mais diretos das ondas de calor como as que os Estados Unidos e a Europa estão vivendo. Calor mata” – aponta Maibach, que é diretor do Centro de Comunicação de Mudanças Climáticas na Universidade George Mason.

Phoenix

A cidade de Phoenix vai testar casas em contêineres para abrigar a população sem teto. Elas são equipadas com ar-condicionado movido a energia solar. A experiência começou com vinte moradores, transferidos de abrigos da cidade. A prefeitura também está levando ônibus a áreas críticas. Eles ficam parados, com o ar-condicionado ligado durante as horas mais quentes, para quem quiser entrar.

Era da fervura global

O calor extremo de julho também causou impactos na Europa. A Grécia vive uma onda de incêndios florestais com temperaturas batendo os 46°C. No último domingo, cerca de 20 mil pessoas deixaram a Ilha de Ródes, famoso destino turístico grego. Cinco pessoas morreram na ilha de Eubéia, entre elas piloto e copiloto de um avião que combatia incêndios.

A Organização das Nações Unidas estima que 2023 supere 2016 como o ano mais quente da história. E o secretário-geral da ONU, António Guterres, chegou a declarar que:

“As mudanças climáticas estão aqui e são aterrorizantes. Isso é só o começo. A era do aquecimento global acabou e começou a era da fervura global.”

Fonte: Fantástico

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