O que chega ao prato do brasileiro voltou a ser pauta no debate sanitário. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou os dados do ciclo 2024 do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), revelando que uma parte relevante dos alimentos analisados apresentou irregularidades.
Ao todo, foram examinadas 3.084 amostras de 14 tipos de alimentos, coletadas semanalmente em 88 municípios espalhados pelo país. Desse universo, 20,6% apresentaram algum tipo de não conformidade, com 636 amostras classificadas como insatisfatórias segundo os critérios técnicos da agência.
O monitoramento acendeu um alerta sobre a exposição a resíduos acima do esperado.
O dado mais sensível envolve 12 amostras consideradas de potencial risco agudo à saúde do consumidor. Assim, a Anvisa reforça a importância da atenção na escolha, da higienização adequada e da diversificação dos alimentos no consumo diário.
O problema dos agrotóxicos no Brasil
O controle alcançou supermercados, feiras e sacolões, e a rotina de coleta ocorreu semanalmente. Os fiscais registraram três tipos principais de irregularidades, com frequências diferentes. Confira os percentuais em ordem crescente.
– 0,1% continham agrotóxicos proibidos no Brasil.
– 5,6% (174) com resíduos acima do Limite Máximo de Resíduos (LMR).
– 12,2% (375) com resíduos não permitidos para a cultura analisada.
Quando ocorre risco agudo, a pessoa pode enfrentar efeitos adversos ao consumir grande quantidade em um único dia. No ciclo de 2024, a Anvisa apontou 12 casos nessa condição. A uva teve seis registros, a laranja somou cinco e a abobrinha, um, o que demanda cautela.
Substâncias detectadas e histórico
Os laboratórios pesquisaram 338 ingredientes ativos ao longo do estudo. Nas amostras com risco agudo, técnicos identificaram diferentes substâncias associadas às culturas avaliadas. A seguir, os registros aparecem em ordem crescente de ocorrências.
– Uma ocorrência: abamectina em uva.
– Uma ocorrência: bifentrina em uva.
– Uma ocorrência: formetanato em abobrinha.
– Duas ocorrências: carbofurano em laranja.
– Três ocorrências: imazalil em laranja.
– Cinco ocorrências: etefom em uva.
Embora o número de alimentos e de agrotóxicos avaliados tenha crescido, a frequência de risco agudo segue em queda. Entre 2013 e 2015, o índice ficou em 1,11%; em 2024, recuou para 0,39%, segundo a própria Anvisa.
Impacto regulatório
O PARA também sustentou decisões regulatórias relevantes. O programa ajudou a retirar mais de 100 produtos do mercado e apoiou a reavaliação de 17 agrotóxicos. Como resultado, 10 foram banidos e seis receberam restrições adicionais.
Para 2025, a Anvisa prepara um novo ciclo, com mais amostras e foco em alimentos de grande consumo. Assim, a rede de monitoramento tende a ampliar a rastreabilidade e a orientar fiscalizações ainda mais precisas.
O que o consumidor pode fazer
No dia a dia, o consumidor pode reduzir riscos com práticas simples. Lavar corretamente, escolher produtos rastreáveis e preferir itens da estação ajuda muito. Veja algumas dicas.
– Lavar frutas e hortaliças em água corrente.
– Usar bucha ou escovinha exclusiva para a limpeza.
– Preferir alimentos da estação.
– Dar preferência a produtos rastreáveis, com rótulo e origem.
– Higienizar com solução à base de hipoclorito, focando em eliminar riscos microbiológicos.
Fonte: Capitalist





