Da redação, AJN1
O secretário de Estado da Justiça, Antônio Hora Filho, disse hoje (10) que as recorrentes fugas no Presídio Senador Leite Neto (Preslen), em Nossa Senhora da Glória, acontecem porque os agentes penitenciários estariam facilitando as investidas dos detentos.
O secretário disse ainda que o Sindicato dos Agentes Penitenciários e Servidores da Sejuc (Sindpen) estaria orientando os agentes a recusar a venda dos dias de folga para dar plantões nas guaritas, o que, inevitavelmente, acaba fragilizando todo o sistema de segurança. “O sistema prisional no Brasil está em colapso e em Sergipe não é diferente. A paralisação de algumas funções desempenhadas pelos agentes agravaram esta situação.”
Para tentar frear as fugas e traçar estratégias de prevenção, Antônio Hora se reuniu hoje com a cúpula da Secretaria de Segurança Pública (SSP). Na reunião, ficou estabelecido que a Polícia Militar estará à frente de todo monitoramento externo no presídio de Glória.
À Sejuc, caberá o remanejamento estratégico dos agentes de outras unidades para, assim, reativar as oito guaritas desguarnecidas do Preslen.
A SSP informou que já foram capturados seis detentos que fugiram entre o domingo (9), e a madrugada desta segunda-feira (10).
Sindpen
O presidente do Sindpen, Luciano Nery, destaca a desativação das guaritas da unidade prisional como principal fator facilitador da ação dos detentos. Ele também destaca o baixo efetivo dos agentes penitenciários.
“Como nós temos uma superpopulação carcerária, já que unidade tem capacidade para 177 presos e tem mais de 400 detentos no momento, fica totalmente inviável realizar uma segurança eficiente com apenas cinco ou seis agentes por plantão”, afirmou.
Luciano Nery disse ainda os problemas com a iluminação e a ausência de Equipamento de Proteção Individual (EPIs) também facilitam as fugas. “Como é de conhecimento, os agentes penitenciários trabalham sem coletes balísticos, sem os armamentos adequados e até sem munições. Então é uma total irresponsabilidade por parte do Governo deixar o sistema penitenciário chegar a uma situação dessa”, pontuou.
De acordo com o presidente do Sindpen, todos esses fatores levaram o juiz da Vara de Execuções Criminais (VEC), Hélio Mesquita, a solicitar a interdição da unidade prisional em agosto deste ano.
De acordo com a decisão judicial, o presídio não pode receber novos presos, a não ser casos de transferências já determinadas ou autorizadas pelo próprio juiz. Hélio Mesquita se baseou na falta de agentes penitenciários suficientes para garantir a ordem no presídio que abriga mais do dobro de presos do que sua capacidade suporta o que, segundo ele, facilitaria possíveis rebeliões.