Ailton Sousa, AJN1
Acusado de matar, esquartejar e ocultar o corpo de Luciano de Jesus dos Santos, 36, o casal Jadilson Conceição Santos, 32, e a companheira Úrsula Tenório Cavalcante de Melo, 27, foi preso pela equipe do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) em um imóvel no povoado Aningas, em São Cristóvão, local onde aconteceu a execução. Jadilson confessou ter matado a vítima, acusando-a de ser “cagueta” e “leva e traz”, e alegou que a companheira apenas o ajudou a transportar as partes do corpo até o km-104 da BR-101. No entanto, para a polícia Úrsula teve participação em toda a trama.
As investigações do crime começaram na manhã do sábado (30), depois que populares encontraram braços e pernas de uma pessoa dentro de um saco e o tronco do corpo em meio a vegetação às margens da BR-101, em São Cristóvão. No entanto, a cabeça não foi localizada. Familiares de Luciano estiveram no local e o reconheceram através dos pés e das roupas rasgadas. Eles contaram que a vítima tinha sido vista com vida pela última vez na noite da sexta-feira (29), quando saiu para comprar bebida em companhia de um morador do povoado Aningas.
A equipe do DHPP, coordenada pelo delegado Mário Leony, esteve na residência de Jadilson e a companheira dele, Úrsula Tenório, alegou que o suspeito estaria trabalhando em uma roça. Nos levantamentos realizados na casa, os policiais verificaram que o local, que ainda estava molhado, havia sido lavado e mesmo assim estava com marcas de sangue. Também foram encontrados na casa facas e um facão. Outro fator que levantou suspeitas sobre o envolvimento do casal no crime, foi o fato de Úrsula ter sido vista com um carrinho de mão sujo de sangue.
Na busca realizada, Jadilson foi localizado escondido no barracão que fica nos fundos da residência, onde ele acabou indicando que enterrou a cabeça da vítima. O acusado confessou a autoria do crime, alegando que Luciano era amigo de um homem que anteriormente teria atentado contra a sua vida. Por conta disso, resolveu atraí-lo e matá-lo dentro da residência. “Ele [Jadilson] disse que a vítima fazia ‘leva e traz’ e usou o termo ‘cagueta’. Disse que sentia muita raiva e por isso a atraiu para dentro da casa e praticou o crime”, explicou o delegado Mário Leony, acrescentando que a princípio Jadilson disse ter enterrado a cabeça da vítima como troféu.
No que se refere a motivação, o delegado disse que ela precisa ser melhor esclarecida no curso das investigações. Quanto a possibilidade levantada pela família da vítima que o crime teria ocorrido em um ritual de magia negra, Mário Leony foi cauteloso ao tratar do tema. “Se trata de uma religião bastante estigmatizada por conta de um histórico vergonhoso nosso de quase 400 anos de escravidão. Estigmatizada por um viés racista. É importante ressaltar que as comunidades de terreiro em Aracaju e Sergipe prestam um trabalho social, comunitário, e de produção de cultura importantes. Infelizmente muitas pessoas se aproveitam da ritualística de qualquer religião como álibe para encobrir sua fé criminosa”, destacou o delegado, acrescentando que o casal também é suspeito de envolvimento no tráfico de drogas na região.
Jadilson já tem passagens pela polícia por porte ilegal de arma e receptação. Enquanto Úrsula já foi presa por ter ameaçado o pai. O casal foi autuado em flagrante e teve a prisão convertida em preventiva.