Um terreiro itinerante, onde velas, cantos e rezas prometiam cura e alívio espiritual, tornou-se cenário de violência e manipulação. Pelo menos seis mulheres denunciaram ter sofrido abusos, segundo a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).
Na última sexta-feira (8), agentes da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam I) prenderam preventivamente, em Taguatinga Sul, um pai de santo acusado de usar rituais de “purificação” para cometer crimes sexuais.
De acordo com as investigações, o suspeito exercia controle total sobre o espaço religioso, acumulando funções de conselheiro, juiz e porta-voz dos orixás. Essa autoridade, segundo a PCDF, foi usada para criar um padrão de abusos. Uma das vítimas relatou que, ao longo de dois anos, sofreu estupros, manipulação psicológica e até mutilações com navalhas, sob o pretexto de cura espiritual para transtorno bipolar.
O suspeito teria afirmado que ela estava sob ataque de “energias externas” e que possuía uma “pomba gira” com forte energia sexual. Alegando que o sexo traria melhora física e espiritual, o homem exigiu que a vítima depilasse todo o corpo antes dos encontros, que ocorriam em salas isoladas.
Durante o período, o pai de santo também orientou a mulher a interromper o tratamento psiquiátrico e a abandonar os medicamentos. Os abusos, segundo a vítima, incluíram penetrações sem preservativo e atos que resultaram em lesões físicas.
Conversas em segredo
As vítimas afirmaram que as conversas com o líder religioso eram sempre privadas e que ele pedia sigilo, alegando que terceiros “não entenderiam a situação”. A pressão espiritual e o medo de retaliação mantiveram o ciclo de violência por meses.
Operação e investigações
A operação, batizada “Sórdida Oblatio” — expressão em latim que significa “oferta impura” — revelou ainda que o terreiro mudava de endereço com frequência para dificultar o rastreamento pelas autoridades e o contato com possíveis vítimas.
O Judiciário acatou o pedido de prisão preventiva apresentado pela polícia. As investigações continuam e novas vítimas podem surgir.
*Com informações Metropoles