Da redação, AJN1
O prefeito de Cristinápolis, Raimundo Silva Leal, o “Padre Raimundo”, e o secretário de Transportes, Sandro de Jesus, estão sendo apontados pelo delegado Paulo Cristiano Ricarte como sendo os mentores intelectuais do incêndio que destruiu parcialmente as dependências da Câmara de vereadores do município. O delegado, que é responsável pela investigação, disse que as provas e depoimentos colhidos não deixam dúvidas do envolvimento dos acusados. Com isso, a investigação contra o prefeito, que tem prerrogativa de função, será encaminhada ao Tribunal de Justiça de Sergipe.
“O crime teve conotação política e apontamos o prefeito e o secretário de transportes como autores intelectuais. Os quatro envolvidos são servidores da prefeitura e um deles após o ocorrido passou a ocupar um cargo com salário melhor”, disse o delegado. Ele informou ainda que duas motos destinadas no combate a endemias foram utilizadas pelos acusados para se deslocar, no dia do crime, até o local. “Após o ocorrido uma delas foi encontrada na residência do prefeito e a outra em uma oficina. Situação anormal, pois, após o expediente os veículos ficavam recolhidos na garagem”, explicou Paulo Cristiano.
Ontem (8), a equipe de investigações da Delegacia de Cristinápolis prendeu, por determinação da justiça, o servidor público Desiraldo Santos Silva, o “Cinho”, 31, os vigilantes José Erivaldo Arruda Sobral, o “Erro”, 31, e Israel Marciano do Nascimento, 28. Eles são acusados, juntamente com Josivan de Jesus Santos, o “Bolinho”, 34, – que está em liberdade e tem mandado de condução coercitiva expedido pelo juízo da Comarca – de terem executado a ação criminosa que teve como alvo o prédio do legislativo municipal em Cristinápolis.
O prefeito de Cristinápolis, padre Raimundo Leal, não foi localizado pela equipe do AJN1 para comentar o caso.
Relembre o caso
O incêndio a Câmara de Cristinápolis aconteceu na madrugada do dia 12 de fevereiro, horas antes dos vereadores iniciarem a votação do processo de cassação do prefeito Raimundo da Silva Leal, o “Padre Raimundo”. De acordo com o que foi apurado, no dia do ocorrido, Erivaldo estava em casa, quando foi procurado por Desiraldo que alegou ter um serviço para ele fazer. Os dois rumaram até um local ermo, próximo a Câmara de Vereadores, onde Israel e Josivan, já os aguardavam em uma moto de cor preta e com cinco litros de gasolina.
Em seu depoimento Erivaldo alegou que só soube que teria como missão atear fogo no prédio da Câmara ao chegar no local. Para ter acesso ao prédio, os acusados quebraram a porta de vidro com uma pedra. Após percorrer algumas salas, até chegar ao arquivo, onde imaginavam estar o processo de cassação do prefeito, e eles provocaram o incêndio. No entanto, como antes haviam espalhado o combustível pelo corredor e estava com as roupas impregnadas de gasolina, Erivaldo foi alcançado pelas chamas e acabou ferido, sendo encaminhado a Unidade de Tratamento de Queimados (UTQ) do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse). Já os outros três comparsas Israel, Desiraldo e Josivan deixaram o local em duas motos, da Secretaria de Transportes.
Os levantamentos realizados pela equipe de investigações de Cristinapólis levaram a localização de Erivaldo no Huse. Ao ser ouvido, ele denunciou os outros envolvidos, que também foram interrogados. Com o surgimento do nome do padre Raimundo Leal como um dos articuladores do incêndio o caso será desmembrado e encaminhado para o Tribunal de Justiça de Sergipe que dê sequência ao procedimento contra o prefeito, que tem foro privilegiado.