Da redação, AJN1
O delegado da Polícia Federal Antônio Carvalho vai solicitar a quebra do sigilo bancário dos investigados na Operação Árion, que apura supostas irregularidades no processo licitatório para o Encontro Nordestino de Cultura, também denominado de Arraiá do Povo 2018, promovido pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult) com recursos do Ministério da Cultura. O evento aconteceu no mês de junho na Orla de Atalaia, na capital. Nesta segunda-feira (12) foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão em imóveis da Aracaju e São Cristóvão. Os alvos foram pessoas ligadas a empresa Maria Bonita e uma servidora em cargo comissionado da Secult.
“Nós adentramos à casa de alguns dos investigados e o que eles receberam de dinheiro não é compatível com o padrão de vida que ostentam. Ou seja, entrou muito dinheiro, mas eles não aparentam usufruir”, ressaltou o delegado Antônio Carvalho acrescentando que durante a investigação se verificou que as pessoas que figuram no contrato da social da empresa não têm perfil e padrão de vida de empresários. Com a quebra do sigilo bancário, a polícia espera verificar os valores que passaram pela conta e o caminho percorrido. “Costumo dizer que extratos bancários contam mais verdades que marido e mulher durante uma briga”, disse em tom de brincadeira.
Cauteloso, o delegado preferiu não citar nomes dos investigados. Ele explicou que de posse das informações sobre a quebra do sigilo bancário, os investigados serão ouvidos novamente para verificar se algum deles têm interesse em um acordo de colaboração. “De posse de informações concretas não tenham dúvidas, que poderemos representar por prisões”, destacou Antônio Carvalho.
Nos levantamentos realizados, a PF encontrou indícios que apontam para um possível vazamento do edital para contratação das atrações, pois a empresa conseguiu arregimentar quase todos os artistas locais de renome para tocar no São João.
“Existe uma determinada cláusula no edital que prevê o registro do contrato em cartório. Nós solicitamos ao cartório esses contratos. Montamos uma planilha e verificamos que grande parte das atrações firmou contrato bem antes do São João, bem antes do lançamento do edital. É como se a empresa soubesse de antemão o que seria necessário para participar do evento”, explicou o delegado.
Além disso, as investigações apontaram que as pessoas ligadas a Maria Bonita, são as mesmas que figuravam em uma empresa que teve o nome envolvido no escândalo das verbas de subvenção da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese). Para a PF, essas pessoas atuam como testas de ferro.
No que se refere a denúncia de que alguns artistas teriam recebido valores menores daqueles que figuravam nos contratos, o delegado Antônio Carvalho disse que durante os depoimentos, eles se ressentem em retratar a verdade dos fatos, por temer represálias e não conseguirem mais se apresentar em eventos festivos do estado. “Muita coisa é falada em off, agora no papel ninguém quis assinar”, informou. Ele salientou ainda que a investigação tem como objetivo apurar a prática do crime de licitação, no entanto, o trabalho poderia avançar no crime de corrupção caso os artistas resolvessem colaborar”.