ARACAJU/SE, 8 de dezembro de 2025 , 11:11:25

Quando a Dor Não Se Vê: psicanalista analisa a constante violência contra a mulher

 

O recente relatório da ONU sobre violência contra as mulheres, escancara uma triste realidade que cresce a cada dia. Segundo a organização, uma em cada três mulheres já sofreram violência física ou sexual, chegando ao impressionante número de mais de 840 milhões de casos já registrados.

 

Sem dúvida, uma verdadeira crise global que fere, violenta e mata mulheres em todo o mundo.

 

Essa estarrecedora constatação do cenário mundial, mostra que a violência é o pano de fundo de uma desordem social sem precedentes. E não é só a violência física que machuca. A violência psicológica também fere.

 

Segundo explica a psicanalista Andrea Ladislau, ela é um dos cinco tipos de agressão à mulher e pode ser classificada quando o parceiro coloca em risco ou causa dano à autoestima, à identidade ou ao desenvolvimento feminino, ou seja, é um tipo de conduta que causa prejuízo emocional para a vitima.

 

“Já a violência física, como o próprio nome sugere, é quando o parceiro ofende a integridade ou a saúde corporal da mulher. Em muitos casos, elas apanham tanto que, por não possuírem uma rede de apoio ou por medo ou vergonha de denunciar, viram “saco de pancada” a ponto de entrarem para as estatísticas do feminícidio”, afirma.

 

Outro tipo de violência é a moral, que envolve comentários ofensivos ou humilhação pública por parte do agressor.

 

“Enquanto a violência patrimonial é a retenção, subtração ou destruição de objetos da mulher ou mesmo de redução de recursos monetários com o objetivo de controlar e limitar as ações da parceira”, explica.

 

Para Andrea é preciso falar mais a respeito do que é violência contra mulher, pois são exatamente essas violências veladas que precisam ser combatidas.

 

“É muito importante que as mulheres não se calem e mostrem que violência não é somente a física com socos, pontapés, hematomas, por exemplo, mas também a patrimonial, moral e psicológica. Esta última é mais comum do que imaginamos”, explica.

 

Não se pode normalizar os sinais

 

Para a psicanalista não se pode normalizar a dor. Normalizar um grito, um xingamento, um ciúme excessivo, um controle como atos “que fazem parte”, pois não fazem.

 

“Desse modo, não se pode normalizar a ocultação monetária, a limitação aos poderes do outro. Além disso, o ciclo da violência doméstica precisa ser reconhecido e quebrado”, afirma.

 

Para Andrea a violência doméstica é algo que impacta de forma integral a vida de quem sofre. Não há uma causa simples e única, mas é importante tentar se afastar de forma definitiva nos primeiros sinais.

 

“É preciso que as mulheres prestem atenção nos detalhes e observem o parceiro, vejam se há reciprocidade na relação e como ele resolve problemas”, diz.

 

Há condutas agressivas?

É alguém que bate nas coisas, joga coisas no chão, alguém que por exemplo, anda rápido no carro quando está irritado?

É alguém que não respeita uma fila no supermercado? É um homem que tenta tirar vantagem de tudo?

Sabe lidar com suas emoções?

Como age quando está com raiva? Começa a culpar o outro?

 

Para Andrea, a mulher precisa identificar se o parceiro sabe lidar com respeito e empatia com os problemas que se apresentam na vida a dois.

 

“Pois, o outro sempre nos dá sinais e, de acordo com algumas respostas, não há como seguir um relacionamento seguro e saudável, tendo aspectos como falta de respeito, agressividade, humilhações e chantagens, por mais amor que possa existir. Caso contrário, essa mulher poderá estar sofrendo calada ou correndo risco de vida”, finaliza Andrea

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