A Polícia Federal, o Ministério do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho resgataram 212 trabalhadores em Goiás e em Minas Gerais.
Em um dos alojamentos que abrigavam os mais de 200 trabalhadores de usinas de cana-de-açúcar, na região de Itumbiara, no sul de Goiás, parte do grupo dormia em redes estendidas no chão, e outros no pátio. Alimentos eram guardados debaixo da pia.
“Aqui nós temos um barraco em condições precaríssimas, que não têm ventilação, sequer pode ser utilizado como habitação”, aponta agente em filmagem feita no local.
Segundo os fiscais, as condições de trabalho também não eram dignas.
“Vendiam as ferramentas de trabalho para esses trabalhadores, que é obrigação do empregador. Alimentação totalmente deficiente, praticamente arroz com uma pequena porção de carne, salsicha, fígado. Saiam com uma marmita de manhã e já comiam parte dessa marmita no café da manhã, porque não tinha nada para comer. Na hora do almoço, o que eles comiam era o restante da marmita já fria”, conta o auditor do Trabalho Roberto Mendes.
As investigações começaram depois de uma denúncia. Segundo o Ministério do Trabalho, empresas contratavam os trabalhadores no Nordeste e depois os encaminhavam para o plantio e a colheita nas lavouras de cana-de-açúcar.
Os fiscais também encontraram irregularidades em Araporã, cidade mineira na divisa com Itumbiara, e em Porteirão, no sudoeste de Goiás.
Cinco empresas assinaram termo de ajustamento de conduta com o Ministério Público do Trabalho e começaram, nesta sexta, a pagar as indenizações aos trabalhadores.
“Quem contratou diretamente é mais grave, porque ela sabe dessa responsabilidade. Eles aliciaram o trabalhador, o colocou nessas condições. As tomadoras é que têm as responsabilidades mais subsidiárias, porque contrataram uma empresa que não tem capacidade financeira. Então vai responder o ponto de vista financeiro”, diz o procurador do Ministério Público do Trabalho Alpiniano do Padro Lopes.
No mês passado, a polícia resgatou outros 139 trabalhadores de lavouras de cana em Acreúna, Goiás.
Em todo Brasil, mais de 2,5 mil pessoas foram encontradas em condições análogas à escravidão em 2022. Este ano, o Ministério Público e a polícia já encontraram 890.
Goiás (365 resgatados), Rio Grande do Sul (290 resgatados) e Minas Gerais (76 resgatados) lideram o ranking de trabalhadores resgatados.
Fonte: G1