ARACAJU/SE, 6 de setembro de 2025 , 5:38:48

“A gestão do lixo das cidades é uma tarefa de enorme complexidade”, diz engenheira ambiental

 

O Brasil gerou 79,1 milhões de toneladas de lixo em 2019. Por ano, estima-se que cada brasileiro produz em média 379,2 kg, ou seja, mais de 1kg por dia. Setenta por cento da desse lixo é descartada em aterros sanitários e os 30% restantes é destinada inadequadamente em terrenos abertos, córregos, rios e áreas florestais urbanas. Reduzir a produção de lixo é possível, sim, mas antes, é preciso entender o que deve ser jogado fora e o que pode ser reutilizado.

“Se buscarmos nos dicionários mais utilizados da língua portuguesa, poderemos ver que o significado da palavra ‘lixo’ aparece como: ‘qualquer objeto sem valor ou utilidade, ou detrito oriundo de trabalhos domésticos, industriais etc. que se joga fora’. Hoje, este conceito é considerado ultrapassado, uma vez que nos resíduos chamados simplesmente de ‘lixo’ estão incluídos diversos materiais com grande potencial para reciclagem”, explica a engenheira ambiental e professora da Universidade Tiradentes, doutora Marcela Hardman.

Aqueles materiais que ainda têm serventia prática e valor de mercado, mas que ainda assim são descartados, são considerados ‘resíduos sólidos’, classificados de acordo com a origem: domiciliar, comercial, público, de saúde, industrial e outros. Destiná-los corretamente é uma questão de saúde pública e representa um grande desafio para a humanidade. “A gestão do lixo das cidades é uma tarefa de enorme complexidade, sendo fundamental considerar a produção, a coleta e a destinação dos resíduos. O lixo, inclusive, pode ser considerado uma invenção humana, uma vez que, em processos naturais, ou não antrópicos, tudo seria produzido e decomposto em quantidades semelhantes, gerando um equilíbrio”, afirma.

“Na busca pela maneira mais segura, responsável, econômica e ambientalmente correta para a execução da coleta, é possível realizar desde a entrega voluntária do lixo em pontos previamente determinados, passando pela coleta de porta em porta, até os modernos sistemas de coleta de resíduos por tubulações a vácuo, como ocorre em alguns países. Para a destinação final, há casos em que esse material é depositado a céu aberto (lixões), em aterros sanitários, em usinas de queima, de compostagem e em usinas de reciclagem, entre outras”, aponta a professora.

A principal questão do descarte do lixo é quando ele é feito a céu aberto. “Esses ‘lixões’ são os locais em que os resíduos são depositados de maneira inadequada, sem compromisso com medidas que evitem a contaminação do meio ambiente e os riscos à saúde pública. Não são levados em consideração aspectos como a área em que está sendo feita a descarga; o escoamento dos líquidos que podem contaminar as águas superficiais e subterrâneas; a liberação de gases como o metano, que é inflamável e prejudicial à camada de ozônio. Outro risco é a proliferação de vetores de doenças e a geração de maus odores”, revela.

Coleta seletiva

No Brasil, mais de 70% dos municípios prestam o serviço de coleta seletiva, uma das principais alternativas de descarte de lixo que mais contribui com a preservação do meio ambiente. Materiais como papel, vidro, plástico e metal podem ser destinados por meio da coleta seletiva, minimizando o acúmulo de lixo e empregando milhares de pessoas. No entanto, apenas 4% dos resíduos sólidos que poderiam ser reciclados são enviados para esse processo.

“Acabar com a produção de resíduos é utópico, claro que podemos aproveitar o máximo possível de alguns materiais utilizando o princípio dos 4R (reduzir, reutilizar, reciclar e recuperar), mas existem resíduos que se exaurem essas possibilidades, e precisam ser descartados de maneira correta no meio ambiente. Seguindo com a adoção de medidas para reciclar esse resíduo e daí então recuperar o que for possível, que é o caso da compostagem da matéria orgânica por exemplo. Fazendo isso de uma maneira eficiente, mesmo não chegando a 100% de todos os resíduos sólidos, certamente teríamos um ganho efetivo nas consequências para o meio ambiente”, conclui Hardman.

Fonte: Asscom Unit com dados da ISWA

Asscom Unit

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