O Supremo Tribunal Federal retirou, nesta segunda-feira (15), o sigilo de uma gravação obtida pela Polícia Federal (PF) durante as investigações de um suposto esquema de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A decisão foi do ministro Alexandre de Moraes.
Segundo o material, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados teriam realizado uma reunião para discutir o monitoramento contra auditores da Receita Federal responsáveis pela investigação sobre rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro quando ele era deputado estadual.
“Verificou-se que, em 20 de novembro de 2020, Marcelo Araújo Bormevet solicitou de Giancarlo Gomes Rodrigues que realizasse levantamento sobre três auditores da Receita Federal do Brasil, vinculados ao relatório de inteligência financiera (RIF) que deu origem à referida investigação (da rachadinha)”, lê-se no documento.
O policial federal Marcelo Araújo Bormevet foi alvo de um mandado de prisão na última quinta-feira (11). O agente atuava na Abin durante a gestão de Alexandre Ramagem, assim como o militar do Exército Giancarlo Gomes.
Na última fase da investigação, agentes da PF cumpriram cinco mandados de prisão preventiva e outros sete de busca e apreensão. O objetivo da operação é investigar uma organização criminosa responsável por monitorar desafetos de Bolsonaro de forma ilegal e produzir notícias falsas usando os sistemas da Abin.
Witzel sugeriu ajudar Flávio em troca de vaga no STF, diz Bolsonaro em áudio
O então presidente Jair Bolsonaro disse em reunião fechada — cujo sigilo foi levantado na tarde desta segunda-feira (15) —, que Wilson Witzel, à época governador do Rio de Janeiro, sugeriu ajudar Flávio Bolsonaro em troca de uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Olha só. Eu fiquei sabendo que o Witzel já montou o ministério dele para 23 (…). O ano passado, no meio do ano, encontrei com o Witzel, não tive notícia (inaudível) bem pequenininho o problema. Ele falou, resolve o caso do Flávio. Me dá uma vaga no Supremo”, disse Bolsonaro.
Uma das advogadas presentes na reunião, Juliana Bierrenbach, questiona então o presidente: “Quem disse isso?”.
O presidente responde: “O Witzel, né”.
O então ministro do Gabinete de Segurança Institucional, General Heleno, comenta a informação: “Sede de poder”. Ao que Bolsonaro concorda: “Sede de poder”.
Fonte: CNN Brasil