ARACAJU/SE, 26 de outubro de 2024 , 12:30:01

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Acompanhe os principais tópicos do depoimento do Coronel Lawand Jr. na CPMI do 8 de Janeiro

 

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos extremistas do 8 de Janeiro, em Brasília, ouviu, nesta terça-feira (27), o coronel do Exército Jean Lawand Júnior. Ele é citado pela Polícia Federal por supostamente ter tramado um golpe de Estado após as eleições de 2022.

No depoimento, Lawand se defendeu dizendo que foi mal interpretado pela investigação e que se arrepende de ter trocado mensagens com o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid.

O coronel depôs protegido por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que lhe garantiu o direito de não responder perguntas que o incriminassem. Apesar disso, o militar respondeu a quase todos os questionamentos dos parlamentares.

Mensagem “infeliz”

Jean Lawand Júnior disse que foi “infeliz” e que se arrepende de ter enviado mensagens ao ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid. Ele também afirmou que “em nenhum momento falou a palavra golpe, mas ordem para que o presidente (Bolsonaro) apaziguasse o país”.

“Esta colocação minha, eu fui muito infeliz. Sou um simples coronel conversando num grupo de WhatsApp com um amigo. Não tinha comandamento, não tinha condições, não tinha motivação para qualquer tipo de golpe. Essa observação minha foi muito infeliz, porque eu não tenho contato com ninguém do alto comando. Então, fui infeliz, me arrependo. Quero pedir desculpas ao Exército e ao povo brasileiro”.

Ele afirmou que a intenção era “evitar uma convulsão social” ao fazer com que Cid “entendesse” que uma manifestação de Bolsonaro faria com que os manifestantes acampados em frente aos quartéis-generais do Exército voltassem para casa.

Tentativa de ataque a bomba foi ‘coincidência’

O coronel também disse acreditar que os eventos do dia 12 de dezembro — quando manifestantes tentaram invadir a sede da Polícia Federal —, do dia 24 de dezembro — quando tentaram explodir uma bomba no aeroporto de Brasília —, e do dia 8 de janeiro — quando os prédios da Praça dos Três Poderes foram depredados — não estão relacionados.

Ele também afirmou que não tinha “condições” para articular um golpe de Estado contra o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Nas primeiras horas de 24 de dezembro de 2022, as forças de segurança de Brasília foram acionadas, por meio de uma denúncia anônima, após câmeras de segurança do aeroporto flagrarem o motorista de um caminhão deixando uma caixa perto de um caminhão-tanque e ir embora. Em depoimento à polícia, um dos acusados de armar a bomba, George Washington de Oliveira Souza, afirmou que o objetivo era “dar início ao caos”, o que levaria à “decretação do estado de sítio no país”.

Incentivo ao caos?

Sobre a mensagem de que “teria que ser o povo” a tomar uma atitude, Lawand negou que estivesse se referindo a um golpe e explicou o teor do texto. “É o povo que vai ter que se conscientizar de que não vai haver uma ordem presidencial, não vai ser atendido naquilo que pleiteia e vai ter que voltar para casa”, afirmou o coronel.

Versão é contestada por parlamentares

A versão que o coronel do Exército Jean Lawand Júnior contou na CPMI não convenceu os parlamentares. “O senhor não pode infantilizar essa comissão. Aqui, como se diz no meu Maranhão, o mais besta conseguiu se eleger deputado federal, senador ou senadora. As colocações são incompatíveis com o conteúdo das mensagens que o senhor mesmo escreveu”, afirmou a relatora da comisão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA).

O deputado André Fernandes (PL-CE), aliado de Bolsonaro, também contestou a versão do militar. “Sendo bem honesto, eu não acredito muito no que o senhor disse aqui, mas eu também não posso dizer que é mentira. Se alguém quiser acreditar, que acredite. Isso é pessoal. Mas eu, particularmente, não acredito”, comentou.

Fonte: R7

 

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