Por Claudia Lemos
Seguindo a série de entrevistas com candidatos a prefeito de Aracaju, o Jornal Correio de Sergipe e o Portal AJN1 entrevistam o prefeito Edvaldo Nogueira, PDT, candidato à reeleição. Edvaldo destaca os planos que tem para Aracaju, com destaque para a retomada da economia, a busca por novas alternativas para a mobilidade urbana e por avanços na Saúde e Educação, dentre outros. Fala ainda sobre o processo de sua saída do PCdoB para ingressar no PDT. Diz que seus adversários fazem uma campanha de ódio, mentiras e fake News contra ele, coisas que, destaca, não combinam com a democracia. Sobre a Operação Serodônio, que investiga supostas irregularidades no Hospital de Campanha de Aracaju, Edvaldo diz que tudo foi feito em respeito à legislação e que a contratação da empresa que montou o hospital foi feita de maneira transparente, a partir de uma modalidade de seleção que priorizou o menor preço e a capacidade técnica. Aparecendo na liderança das pesquisas de intenção de votos, Edvaldo diz que de forma nenhuma isso trouxe acomodação. “Ao contrário disso, mantemos o ritmo de campanha lá em cima, respeitando os protocolos sanitários, mas indo às ruas, em carreatas, participando de pequenas reuniões, dialogando com os aracajuanos e apresentando o nosso projeto, que é o melhor para que Aracaju avance ainda mais”, disse.
1-Edvaldo, você vem liderando as pesquisas e alguns até apontam a possibilidade de uma vitória já no primeiro turno. Isso de alguma forma o deixa tranquilo a ponto de relaxar, ou a disputa está só começando. Como você avalia esse cenário?
Edvaldo Nogueira – As pesquisas são um importante termômetro de como a nossa campanha está sendo recebida. Elas não decidem a eleição, embora tenham mostrado que a maioria dos eleitores estão entendendo nossa mensagem e confiando em nossas propostas. Estar em primeiro lugar nas pesquisas não gera em nós acomodação. Ao contrário disso, mantemos o ritmo de campanha lá em cima, respeitando os protocolos sanitários, mas indo às ruas, em carreatas, participando de pequenas reuniões, dialogando com os aracajuanos e apresentando o nosso projeto, que é o melhor para que Aracaju avance ainda mais.
2-De 51 promessas que o senhor fez na campanha de 2016, que o colocou de volta ao comando da Prefeitura de Aracaju, o senhor conseguiu cumprir 21 em sua totalidade, nove parcialmente e 21 não foram cumpridas. O que deu errado para que a totalidade das promessas não fosse alcançada? Qual avaliação o Senhor faz destes últimos três anos e 10 meses de mandato à frente da Prefeitura de Aracaju?
EN – É importante ressaltar que este levantamento do no qual você se baseia, realizado pelo G1, está desatualizado. A última revisão dele se deu em 1º de janeiro de 2020, portanto dez meses atrás. Nos três anos em que ele foi atualizado, o G1 me colocou como o prefeito do Nordeste que mais cumpriu promessas. Então, é importante destacar que fizemos todo o esforço possível para honrar com os compromissos que firmei junto aos aracajuanos. Atualizando os dados para os dias de hoje, das promessas que o portal cita, considerando as que já cumpri integralmente e as que estão em fase de conclusão, eu alcanço um índice superior a 60% de cumprimento. Das 21 promessas que lá aparecem ainda sem cumprimento, parte delas está em estágio avançado de conclusão, como é o caso da construção da maternidade pública municipal. É uma promessa que caminha para seu cumprimento e será um marco histórico na melhoria do atendimento de saúde da cidade. Há também promessas já cumpridas, que, pela última atualização do portal, ainda estão em condição de cumprimento parcial, como é o caso da recuperação e ampliação de ciclovias, a execução do Plano de Mobilidade Urbana e a integração do Prontuário Eletrônico com a rede de saúde. Além disso, há um conjunto muito grande de promessas que fiz aos aracajuanos, que não consta nesta listagem do G1 e que cumpri integralmente. Cito como exemplos a conclusão das obras do Coqueiral, 17 de Março, Jardim Petrópolis e Nova Liberdade, a construção da 1ª creche e da 1ª escola do bairro 17 de Março, a realização da licitação da limpeza pública, o corte de gastos com telefonia, diárias, aluguel de veículos, comissões e consultorias, o pagamento de quase R$ 500 milhões das dívidas da gestão passada, a retomada do Forró Caju, Natal Iluminado e Réveillon, o pagamento antecipado da primeira parcela do 13º salário, o retorno da Gestão democrática nas escolas, a realização de obras no Moema Mary, Marivan, Santa Maria, Pantanal, Barroso, Jardim Bahia, Japãozinho, Coroa do Meio, Atalaia, Aruana, a construção do Centro de Esporte no Bugio, a construção de quatro ecopontos, a implantação da matrícula online nas escolas, a reformulação do Portal da Transparência e a redução em 70% do índice de assaltos a ônibus, entre outras ações.
3-Em sendo reeleito, quais suas prioridades para Aracaju?
EN – Governo com planejamento, a partir do qual estabeleço as prioridades, mas não descuido de outras áreas. Foi com este foco que consegui realizar tanto – e com tanta efetividade – na atual administração, sem esquecer nenhuma área. Para o futuro, entendo que há prioridades da própria sociedade, como a retomada da economia, tão afetada pela crise do coronavírus, as demandas das áreas de expansão da cidade, e a busca de novas alternativas para a mobilidade urbana, além de mais avanços na Saúde e na Educação. Ciente disso, temos como estratégia o investimento de mais de R$ 700 milhões (recursos estes já assegurados) em obras e serviços, o que vai impactar de maneira muito positiva na economia da cidade, gerando emprego e renda e aquecendo o nosso comércio. Também faremos a troca dos 58 mil pontos de luz da cidade para a tecnologia LED, além a construção das 1.102 casas nas Mangabeiras, a nova avenida Perimetral Oeste e o novo Parque da Sementeira. Buscarei ainda novas fontes de financiamento para colocar em prática o projeto Cidade Futuro, através do qual iremos dar uma nova cara à cidade, com mais oportunidades para todos, com estímulo à atração de novas empresas, revitalização do Centro e um projeto de economia sustentável da Zona de Expansão.
4-Já o acusaram de estar sempre na sombra do PT. O senhor era um dos mais reconhecidos integrantes do PCdoB em Sergipe. Este ano, o senhor rompeu com o PCdoB após 39 anos ( 1981-2020) e se aventurou no PDT. Pela primeira vez vai disputar a Prefeitura de Aracaju tendo um antigo aliado, o PT, agora como adversário. O que o senhor está fazendo para tentar manter os votos dos petistas e simpatizantes?
EN – Antes de qualquer coisa, é importante deixar claro que não rompi com o PCdoB nem me aventurei no PDT. Considero a utilização destes termos muito inadequada para a formulação desta pergunta. Tanto a saída do PCdoB como a opção pelo PDT não foram decisões açodadas. São resultado de um longo processo de reflexão. Saí do PCdoB respeitando a história do partido e mantendo uma relação muito profícua, tanto que a legenda integra a minha coligação. Sobre o PDT, é um partido com o qual tenho muita compatibilidade de ideias. É um partido de centro-esquerda, que se coaduna com os meus princípios de defesa de uma sociedade mais justa, mais igualitária, onde os cidadãos tenham seus direitos respeitados. É um partido que tem compromisso com os trabalhadores, com o desenvolvimento e com o progresso. Independentemente de filiação partidária, espero contar com o voto de todos, porque não governo pensando se o cidadão é de direita ou de esquerda. Governo para toda a cidade. Deseologizei o meu trabalho, desci do palanque e não governo para partidos. Meu foco é a construção de uma cidade cada vez mais inclusiva, com oportunidades para todos, priorizando os que mais precisam e com a melhor oferta possível de serviços públicos.
5-Este ano, eleitoral, o senhor não concedeu reajuste no transporte público. Para 2021 o senhor vai manter a mesma atitude ou pretende conceder aumento? Porque?
EN – A decisão de não conceder reajuste na tarifa do transporte em nada teve a ver com o período eleitoral. Se você tivesse feito uma análise mais aprofundada sobre tema teria visto que, no meu mandato anterior, em 2012, tomei decisão semelhante, num ano em que não fui candidato. A decisão foi tomada a partir de estudos técnicos e considerando a situação econômica da nossa população.
6- Em julho, equipes da PF e da CGU/SE deflagraram a Operação Serôdio, que teve como foco obter provas para investigação que apura suposto desvio de verbas públicas, associação criminosa, corrupção, fraudes na licitação e na execução do contrato para montagem da estrutura necessária ao funcionamento do Hospital de Campanha. Na avaliação da Procuradora do MPF-SE, Eunice Dantas, a empresa contratada não tinha qualificação técnica para participar da licitação. O que o senhor tem a dizer sobre essa operação e de que forma ela pode atrapalhar a sua campanha?
EN – Mesmo vivenciando uma pandemia de impacto mundial, uma situação que exigiu muita determinação, planejamento e coragem, nós atuamos com rigor, respeito à legislação e fizemos a contratação da empresa que montou o hospital de maneira transparente, a partir de uma modalidade de seleção que priorizou o menor preço e a capacidade técnica. O Ministério Público Estadual e o Tribunal de Contas do Estado analisaram a mesma denúncia, feita por partidos de oposição, e não identificaram qualquer tipo de irregularidade. Além disso, nosso procurador-geral fez questionamentos importantes sobre a operação, que até agora não foram respondidos. Há uma tentativa dos meus adversários de me taxarem de corrupto, mas eu possuo uma trajetória de 35 anos na vida pública sem qualquer tipo de mancha ética ou desrespeito ao dinheiro público. Eles fazem isso com a intenção de tentar vencer a eleição. Mas sigo tranquilo, pois acredito na capacidade do eleitor de avaliar este tema. Os aracajuanos me conhecem bem, sabem da minha postura correta, ética e transparente de atuar na administração pública.
7- Como atual prefeito, os adversários não param de atacá-lo. A não revogação do IPTU, problemas na saúde e de infraestrutura dos bairros, dentre outros. De todas as acusações, qual a que mais o incomoda?
EN – Para começo de questão, estas acusações não são verdadeiras. Nenhuma procede. Meus adversários fazem uma campanha de ódio, mentiras e fake news contra mim. São ataques, agressões, difamação, atitudes que não combinam com a democracia. A campanha eleitoral é o momento em que todos devem focar na apresentação de propostas e de soluções para os problemas da cidade. Dos tópicos que você citou, todos são mentirosos, uma vez que revoguei efetivamente o aumento anual de 30% (que valeria até 2022) do IPTU, inclusive esta é uma das promessas que o G1 considera cumpridas, já que você utilizou o levantamento como parâmetro para uma pergunta anterior. Sobre a saúde, todo cidadão que utiliza a rede sente a melhora, com a reforma das unidades, a implantação do prontuário eletrônico, a disponibilização, em mais de 80%, dos medicamentos nas farmácias dos postos, a construção de novas unidades de saúde, a ampliação da realização de exames e consultas. Sobre a infraestrutura dos bairros, a crítica é própria de quem não conhece a cidade e, portanto, não acompanhou a revolução que fizemos com obras nas comunidades mais carentes que estavam há muito tempo abandonadas e que hoje foram completamente urbanizadas.
😯 senhor acha que fez pela área da saúde tudo o que era preciso? Como o senhor avalia a saúde pública na capital sergipana?
EN – A Saúde de Aracaju melhorou significativamente. O quadro que encontramos foi de total desestrutura, com profissionais em greve, déficit de material e de medicamentos, filas de exames, consultas e procedimentos paralisada, servidores desmotivados e unidades de saúde abandonadas. Hoje, o cenário é completamente diferente. Operamos grandes melhorias na reforma de mais de 20 unidades de saúde, contratamos mais profissionais, zeramos a fila em diversos procedimentos, exames e consultas especializadas, modernizamos diversas unidades, com a aquisição de novos equipamentos, inauguramos novas unidades, as unidades de pronto-atendimento estão funcionando atualmente de maneira muito melhor. Implantamos o prontuário eletrônico e criamos o aplicativo da Saúde. É importante lembrar que enfrentamos a maior pandemia da história e não vimos aqui as cenas horrorosas de outras capitais, com as pessoas sofrendo na porta de hospitais. A pandemia foi um grande teste para a população e para a prefeitura e está mostrado que Aracaju enfrentou bem esta situação, tanto que somos a capital do Nordeste com a menor taxa de letalidade.
9-Existe uma expressão na política brasileira de que as eleições para Governo do Estado se costuram ou se articulam nos pleitos municipais. Ao lançar-se candidato à reeleição, foi firmado algum tipo de acordo político pensando no pleito de 2022, isto é, o senhor pretende fazer desta eleição um trampolim para se candidatar ao Governo?
EN – Meu foco está 100% voltado para a eleição deste ano. Sou candidato à reeleição com o objetivo de dar prosseguimento ao meu trabalho de prefeito de Aracaju, com toda atenção, dedicação e compromisso com a cidade. Não é a hora de tratar sobre o pleito de 2022.
10-Como o senhor quer ficar para a história?
EN – Quero ser lembrado como o prefeito que reconstruiu a cidade, que devolveu a qualidade de vida para Aracaju, que estava abandonada e triste; como o prefeito responsável por um patrimônio inegável de obras para quem mais precisa, como o prefeito que retirou milhares de famílias da lama e do desamparo, que garantiu assistência aos mais vulneráveis, que construiu casas para milhares de pessoas, que enfrentou a pandemia de cabeça erguida e que, pelo seu trabalho, preservou a vida de centenas de milhares de vida. Quero ficar para a história como o prefeito que atravessou a vida pública sem uma mácula ética e que tornou Aracaju uma cidade melhor para as futuras gerações, para que nossas crianças e jovens possam viver numa cidade mais humana, com mais oportunidades, uma cidade sustentável, resiliente, com desenvolvimento, segura e preparada para as futuras gerações.