O advogado criminalista Celso Vilardi, que defende o ex-presidente Jair Bolsonaro no inquérito sobre o plano golpista, terá uma audiência nesta segunda-feira às 15 horas com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso. A informação consta da agenda oficial do ministro divulgada hoje.
O encontro ocorre seis dias após o ex-presidente ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República por ter “liderado” uma organização criminosa que tentou dar um golpe de Estado no fim de 2022. Bolsonaro foi acusado dos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, deterioração de patrimônio tombado e organização criminosa.
O Supremo não informou a pauta do encontro. Procurado, Vilardi também não se pronunciou sobre o motivo da reunião.
Na quinta-feira passada, o ministro do STF Alexandre Moraes, que preside o inquérito sobre a trama golpista, negou um pedido da defesa de Bolsonaro para aumentar o prazo de resposta à denúncia, de 15 para 83 dias – o tempo que a PGR teve para analisar o relatório da Polícia Federal e formular a acusação. Vilardi e outros advogados do ex-presidente alegaram que não tiveram acesso integral às provas – o que foi refutado por Moraes.
A defesa do ex-presidente adotou uma estratégia de contestar as provas obtidas por meio da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Enquanto tentam adiar o tempo para apresentar uma resposta, os advogados devem explorar possíveis falhas na denúncia.
O advogado Celso Vilardi questionou a forma como os depoimentos de Cid foram colhidos por Moraes e afirmou que houve mudança de versões. A colaboração foi negociada com a PF e homologada por Moraes em 2023.
— A delação vai ser questionada — disse Vilardi ao Globo na semana passada. Segundo o defensor, a ideia é pedir a anulação com base no fato de Cid ter dito em áudios vazados à Revista Veja que ele foi induzido a dar informações que ele não sabia. Depois, em audiência com o ministro do Supremo, Cid afirmou que nunca foi pressionado e confirmou o interesse pela colaboração.
A defesa também cogita fazer um pedido para que o caso seja julgado no plenário do STF, e não na Primeira Turma da Corte. Moraes têm alcançado unanimidade nos julgamentos no colegiado menor, enquanto no plenário há uma chance maior de divergência.
Fonte: O Globo