Preso nesta segunda-feira (7) sob nova acusação de estupro, o ex-vereador e ex-PM do Rio de Janeiro Gabriel Monteiro (PL) é réu em pelo menos mais três processos que tramitam em sigilo de Justiça. Neles, as acusações são de peculato (desvio de dinheiro público), falsidade ideológica, coação à testemunha e filmagens de relações sexuais com uma adolescente de 15 anos. Em dois deles, também há pedidos de prisão feitos pela Polícia Civil.
O ex-policial é acusado de peculato, por suspeita de desviar R$ 422 mil dos cofres públicos. A quantia equivale aos salários pagos entre janeiro de 2021 e abril de 2022 para quatro ex-assessores. Segundo a denúncia do Ministério Público, eles eram lotados na Câmara do Rio de Janeiro, mas na verdade trabalhavam na produção de vídeos para o canal do político no YouTube, que ele monetizava.
Três desses ex-assessores, inclusive, prestaram depoimento ao Conselho de Ética e confirmaram que, na realidade, não prestavam serviço para o Legislativo, mas para a produtora de vídeos. Eles sequer pisavam no Palácio Pedro Ernesto. A mesma denúncia cita ainda outros dois ex-assessores de Monteiro. Eles são acusados de falsidade ideológica porque atestaram nos cartões de ponto que os quatro funcionários da produtora trabalhavam na Câmara Municipal.
Monteiro respondeu por quebra de decoro por ter filmado relações sexuais com uma adolescente de 15 anos e por expor duas crianças em situação de vulnerabilidade em produções que faz para suas redes sociais. Ele também é acusado de agressão a um morador de rua cometida por seu segurança durante uma dessas filmagens. A cassação saiu no dia 18 de agosto. — Essa decisão da Justiça reitera que a posição da Câmara de cassá-lo foi correta. E mostra que, solto, ele é um perigo para a sociedade — disse o vereador Chico Alencar (PSOL), relator do processo contra Monteiro.
Depois de perder o mandato, o político teve seu registro de candidatura para deputado federal indeferido pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Fora da disputa, ele alavancou a eleição do pai, Roberto Monteiro, a deputado federal, e a da irmã, Danielle Monteiro, a uma vaga na Assembleia Legislativa do Rio. Os dois saíram vitoriosos. Enquanto isso, Monteiro tenta na Justiça recuperar o seu mandato de vereador. Ele alega falha nos ritos processuais e cerceamento no direito de defesa.
Uma jovem de 22 anos contou à polícia que foi agredida com tapas e ficou sob a mira de uma arma na madrugada de 15 de julho, quando o político já respondia ao processo por quebra de decoro parlamentar que terminaria com a cassação de seu mandato pela Câmara Municipal do Rio. O ex-parlamentar a teria forçado a manter relações sexuais sem preservativo e teria lhe transmitido HPV. Antes desse caso, Monteiro já enfrentava outra acusação de estupro. Esse novo caso de estupro não chegou a ser investigado pelo Conselho de Ética da Câmara Municipal, que na data do ataque já havia encerrado a tomada de depoimentos de testemunhas de defesa e de acusação no processo contra o político.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, Monteiro tinha conhecido a mulher na reinauguração de uma boate na Barra da Tijuca e a levou para a casa de um amigo no bairro do Joá, onde o crime teria ocorrido. O juiz Rudi Baldi Loewenkron, da 34ª Vara Criminal, aceitou a denúncia e expediu o mandato de prisão, conforme antecipou o colunista Ancelmo Gois em seu blog no GLOBO. Na decisão, o magistrado também determinou que fossem aprendidos celulares e armas de fogo do acusado. No fim da tarde, o réu se apresentou na 77ª DP (Icaraí, em Niterói/RJ).
Num vídeo postado em seu perfil no Instagram após se entregar à polícia, Gabriel Monteiro disse que se apresentou na delegacia após saber do mandado: “Fiquei sabendo pela minha advogada que foi decretada minha prisão preventiva por um crime que eu não fui escutado na delegacia. Respeito as autoridades, por isso que eu estou vindo aqui. Não fui conduzido pela polícia. Assim que eu fiquei sabendo, vim imediatamente me entregar pra Justiça, porque eu acredito nela. Sei que minha inocência vai ficar comprovada, não só tecnicamente, mas para todo o Brasil, de forma de que fique incontestável qualquer acusação contra mim”.
No início da noite, o advogado de Gabriel Monteiro, Sandro Figueiredo, levou à delegacia duas sacolas com comida e material de higiene, como um rolo de papel higiênico. É comum que familiares e advogados levem alimentos e outros produtos de uso pessoal para quem acabou de ser preso. Mais cedo, o advogado de Gabriel Monteiro disse desconhecer a acusação.
— Desconheço essa acusação de estupro. Até o momento Gabriel Monteiro não foi chamado para prestar qualquer esclarecimento sobre esses os fatos — disse Figueiredo.
Fonte: Yahoo