Em uma eleição imprevisível, os alemães vão às urnas no domingo (26) para renovar o parlamento e escolher o novo primeiro-ministro. A votação também marca o fim da era Angela Merkel, há 16 anos no poder.
A cientista que estudou física e química quântica fez história na política. Em 2005, Angela Merkel se tornou a primeira mulher a comandar a Alemanha. De premiê durona a líder flexível, guiou o país em tempos turbulentos.
Com palavras rígidas, ajudou a Alemanha a superar a crise financeira global em 2008 e a crise do Euro, que começou em 2010. Surpreendeu, em 2015, ao abrir as portas para cerca de um milhão de refugiados. E agora, na pandemia, tocou o coração dos alemães com transparência.
Conduziu a locomotiva da economia europeia rumo a um milagre econômico. Em quatro mandatos seguidos, o Produto Interno Bruto per capita da Alemanha aumentou duas vezes mais do que o do Reino Unido e o da França. O desemprego está perto do nível mais baixo em duas décadas.
Mas, se a taxa de popularidade de Merkel passa dos 80%, ao mesmo tempo, a maioria dos alemães também acha que chegou a hora de mudar. Aos 67 anos de idade, a mulher mais poderosa do mundo está prestes a se aposentar. Neste domingo (26), pela primeira vez desde 2005, os eleitores alemães vão às urnas sem Angela Merkel na disputa.
Aos poucos, o fim da chamada era Merkel vai se desenhando. Mas o colorido da nova Alemanha ainda está incerto. As pesquisas indicam que nenhum partido vai alcançar sozinho os votos necessários pra alcançar maioria no Parlamento e a legenda vencedora vai precisar formar uma aliança para governar. A disputa está acirradíssima.
O Partido Social Democrata, de Olaf Scholz, aparece ligeiramente à frente do partido de Merkel, a União Democrata Cristã. Scholz, de centro-esquerda, é o ministro das Finanças da atual coalizão de governo. Se apresenta como uma continuidade, mas disposto a abraçar a pauta climática e investir em justiça social.
Já o candidato de Merkel, Armin Laschet, de centro-direita, tenta espalhar desconfiança sobre um governo de esquerda. A primeira-ministra, que se manteve discreta durante a maior parte da campanha, fez questão de mostrar apoio a ele no último comício.
Eleger o sucessor é o que falta para fechar um ciclo vitorioso. A repórter Bianca Rothier perguntou a um casal se eles acham que a população vai sentir saudades de Merkel.
“Sim, ela é como a mãe da nação”, frisou a Maike.
“Ela foi uma premiê muito boa, muito engajada. Mas, sim, agora precisamos encontrar um sucessor”, acrescentou o Johannes.
Aguel, sírio de 15 anos, que fugiu da guerra e foi acolhido na Alemanha de Merkel, ainda não vota, mas lamenta. “Eu queria que ela ficasse para sempre”.
Fonte: Jornal Nacional