ARACAJU/SE, 26 de novembro de 2024 , 9:24:27

logoajn1

Aliados de Bolsonaro monitoraram Moraes em dezembro de 2022 para tentativa de golpe de Estado, atesta PF; confira detalhes

 

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) monitoraram o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em dezembro de 2022, para tentativa de golpe de Estado após a derrota de Bolsonaro nas eleições presidenciais.

A informação consta no relatório da Polícia Federal (PF) que embasou a decisão do STF de autorizar a Operação Tempus Veritatis. Agentes da PF cumpriram 33 mandados de busca e apreensão e quatro de prisão, além de medidas cautelares.

A PF investiga organização criminosa responsável por orquestrar uma tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, visando a manter Bolsonaro na Presidência mesmo depois da derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022.

Assessores do ex-presidente chamavam Moraes com codinome “professora”

A apuração da Polícia Federal (PF) identificou em conversas entre o coronel do Exército Marcelo Câmara e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), que Alexandre de Moraes era chamado pelo codinome “professora”.

As conversas entre os assessores do ex-presidente mostram que a localização da tal “professora” estava sendo monitorada pela dupla.

“A investigação constatou que os deslocamentos entre Brasília e São Paulo do ministro Alexandre de Moraes são coincidentes com os da pessoa que estava sendo monitorada e acompanhada pelo grupo”, diz trecho da decisão assinada pelo ministro relator da investigação, Alexandre de Moraes.

“Assim, o termo “professora”, utilizado por Mauro Cid e Marcelo Câmara, seria um codinome para a ação que tinha o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), como alvo”, acrescenta.

Em mensagens trocadas pelos assessores entre os dias 15 e 24 de dezembro de 2022, a localização da “professora” é citada mais de uma vez.

A decisão considera ainda que os dados referentes ao itinerário de Moraes compartilhados por Câmara, dos próximos 15 dias de deslocamento, indicam “acesso privilegiado de informações pelo grupo”.

“As circunstâncias identificadas evidenciam ações de vigilância e monitoramento em níveis avançados, o que pode significar a utilização de equipamentos tecnológicos fora do alcance legal das autoridades de controle”, diz o documento.

De acordo com o texto, a possibilidade de que o monitoramento de autoridades não tenha cessado exigiu a decretação de custódia do envolvido.

Junto com outros três investigados, Marcelo Câmara foi alvo de mandado de prisão nesta quinta-feira.

General Heleno, Cid e Câmara integraram inteligência paralela para auxiliar Bolsonaro

Em manifestação ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a Procuradoria-Geral da República (PGR) citou o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, o coronel do Exército Marcelo Câmara e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), como membros de um núcleo de inteligência paralela que ajudaria o ex-presidente em um golpe de Estado.

“A autoridade policial aponta que Augusto Heleno Ribeiro Pereira, Marcelo Costa Câmara e Mauro César Barbosa Cid integraram o núcleo de inteligência paralela, responsável pela coleta de dados e informações que pudessem auxiliar a tomada de decisões do ex-presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, na consumação do golpe de Estado”, diz trecho do texto assinado pelo procurador-geral Paulo Gonet.

De acordo com o documento da PGR, os membros citados teriam monitorado a localização de Moraes e de possíveis outras autoridades “com o objetivo de captura e detenção nas primeiras horas que se seguissem à assinatura do decreto de golpe de Estado”.

Braga Netto aderiu à tentativa de golpe e incitou militares, diz PF

Investigação da Polícia Federal (PF) aponta que o ex-ministro e candidato a vice de Jair Bolsonaro, general Walter Braga Netto, teria aderido e participado de uma tentativa de golpe de Estado depois da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República.

De acordo com as investigações, ele teria integrado um núcleo de atuação responsável por incitar militares a aderirem ao golpe. Em trecho, Braga Netto conversa com Ailton Barros, membro do Exército, e chama o general Freire Gomes – então comandante da corporação – de “cagão”.

A corporação analisou mensagens por WhatsApp trocados por Braga Netto com outros oficiais das Forças Armadas sugerindo a necessidade de “pressionar” colegas de fardas para aderir a uma ruptura.

Analisando o relatório da PF, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, disse que Braga Netto e outros oficiais teriam “se utilizado da alta patente militar por eles detida para influenciar e incitar o apoio aos demais núcleos de atuação, por meio do endosso de ações e medidas a serem adotadas, para a consumação do golpe de Estado”.

“Imagens (prints) de conversas do aplicativo WhatsApp, extraídas do telefone celular de AILTON BARROS, evidenciaram a participação e adesão do investigado WALTER SOUZA BRAGA NETTO na tentativa de golpe de Estado, com forte atuação inclusive nas providências voltadas à incitação contra os membros das Forças Armadas que não estavam coadunadas aos intentos golpistas, por respeitarem a Constituição Federal”, disse Moraes em sua decisão, citando pontos levantados pela investigação.

Os investigadores analisam uma conversa por WhatsApp de dezembro de 2022 entre Braga Netto e Ailton Barros, ex-major do Exército, que tem como alvo uma suposta “omissão” do então comandante da Força, general Freire Gomes, em aderir ao golpe.

“Em resposta, AILTON BARROS sugere continuar a pressionar o General FREIRE GOMES e caso insistisse em não aderir ao golpe de Estado afirmou ‘vamos oferecer a cabeça dele aos leões’. O investigado BRAGA NETTO concorda e dá a ordem: ‘Oferece a cabeça dele. Cagão’”.

Reunião comandada por Bolsonaro

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que a descrição pela Polícia Federal (PF) da reunião convocada e comandada pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) em julho de 2022 revela o arranjo de dinâmica golpista no âmbito da alta cúpula do governo.

O encontro aconteceu no dia 5 de julho de 2022 e contou com a participação dos ministros Anderson Torres, da Justiça e Segurança Pública, Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, e Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, da Defesa.

Também participaram o então chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência Mário Fernandes, e o ex-ministro e então futuro candidato a vice-presidente Walter Souza Braga Netto (PL).

Um vídeo da reunião foi encontrado no computador do tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro.

“A descrição da reunião de 5 de julho de 2022, nitidamente, revela o arranjo de dinâmica golpista, no âmbito da alta cúpula do governo”, afirma Moraes, na ordem que autorizou a deflagração da operação policial nesta quinta-feira (8).

O ministro diz que todos os investigados que participaram da reunião tomaram parte no sentido de validar e amplificar a massiva desinformação e as narrativas fraudulentas sobre as eleições e a Justiça Eleitoral lançadas e reiteradas contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e contra ministros do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Moraes sustenta que a potencialização do processo de propagação de desinformação para gerar descrédito contra o processo eleitoral brasileiro também contou com a participação de diversos outros investigados.

Fonte: CNN Brasil

Você pode querer ler também