ARACAJU/SE, 26 de outubro de 2024 , 8:33:34

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Alvo de oito inquéritos, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro mantém silêncio em CPMI

 

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Amparado por um habeas corpus, o tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, decidiu não responder aos questionamentos dos membros da CPMI do 8 de Janeiro. Por mais de oito horas de inquirições e trajando a farda do Exército, o militar repetiu diversas vezes, na reunião desta terça-feira (11), que recorreria ao direito de permanecer em silêncio, já que é alvo de oito investigações por parte do Poder Judiciário, principalmente pelo Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, afirmou que não tinha nenhuma ingerência em demandas encaminhadas a ele pelo presidente e seu entorno, declarando que, no trabalho de ajudante de ordens, não tinha qualquer poder de decisão. Mauro Cid se calou sobre supostas conexões com participantes dos ataques ou com os financiadores dos atos golpistas.

Ele está preso desde o dia 3 de maio, acusado de fraudar cartões de vacinação. Entre os inquéritos a que responde, estão os que se referem à possível participação na articulação golpista e na invasão das sedes dos Poderes da República, em Brasília.

Mauro Cid usou seu tempo para falar sobre a sua trajetória nas Forças Armadas. E disse que, durante os quatro anos em que exerceu o posto de ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, apenas cumpria atividades de assessoramento e secretariado executivo, sem qualquer ingerência em decisões.

“Não estava na minha esfera de atribuições analisar propostas, projetos ou demandas trazidas pelos ministros de Estado, autoridades, e demais apoiadores. Ou seja, não participávamos das atividades relativas a gestão pública”, disse.

Ordens

Diante da negativa em responder qualquer pergunta, até mesmo sobre assuntos alheios aos fatos que poderiam incriminá-lo, os parlamentares governistas pediram que o presidente da CPMI, deputado Arthur Maia (União-AL), encaminhe denúncia ao STF por descumprimento da decisão proferida pela ministra do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia. De acordo com a magistrada, o depoente deveria silenciar apenas em situações que pudessem produzir provas contra ele. O pedido foi aceito e será encaminhado ao STF pelo presidente da CPMI.

Para os governistas, Mauro Cid teve participação ativa nos fatos centrais que instigaram os oito inquéritos dos quais é alvo. Para eles, o militar passou de “fiel assessor” para se tornar “um bode expiatório”. Eles perguntaram de onde partiam as ordens e quais foram as determinações do ex-presidente em relação a atos como as possíveis fraudes nos cartões de vacina, a tentativa de se apropriar de joias sauditas interceptadas pela Receita Federal e das mensagens que pediam, por exemplo, apoio a uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO) como uma estratégia de ação contra o governo eleito.

Fonte: Agência Senado

 

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