Ailton Sousa, AJN1
Candidato ao governo do Estado pela coligação “Coragem para mudar Sergipe”, o senador Eduardo Amorim (PSDB), que tem como vice o ex-prefeito de Estância, o empresário Ivan Leite (PRB), foi entrevistado pelo Portal AJN1. Ele garantiu que, se eleito, vai reduzir o número de secretarias e que pretende reestruturar e equipar o DER para recuperar a malha viária do estado. Amorim disse ainda que o servidor público e os aposentados serão uma prioridade e terão o respeito que merecem no seu governo. O senador negou que o irmão, o empresário Edvan Amorim esteja na coordenação da campanha ou participando do processo eleitoral.
Natural de Itabaiana, Eduardo Amorim é médico e bacharel em Direito. Ele é casado com a procuradora do Trabalho Vilma Amorim e tem dois filhos. Já foi Secretário de Estado da Saúde e deputado federal.
AJN1: Por que o sr. colocou o seu nome para disputar o Governo do Estado? O que o diferencia dos demais candidatos?
Eduardo Amorim: Coloquei meu nome à disposição pelo desejo e o compromisso de ver Sergipe mudar para melhor, não para pior, como aconteceu. Nunca se viu tanto sofrimento com o povo sergipano, desde a área da Saúde, da Educação, da Segurança, ao servidor público para receber seu salário atrasado, como estamos vendo hoje. É preciso moralizar o gasto público, dar uma Saúde e Educação dignas ao nosso povo, trazer de volta a Segurança que tínhamos. E o que me diferencia é que venho da humildade e da simplicidade e, nas minhas reflexões, não tenho o direito de ser omisso e cruzar os braços numa hora tão difícil como essa. Continuarei, com muita determinação, fazendo a minha parte para mudar Sergipe para a melhor, porque a indignação é gigantesca. Conheço o meu Estado, me preparei para este novo desafio e sei o que deve ser feito para colocar Sergipe no rumo certo.
AJN1: A campanha ainda está no início, mas a exemplo do pleito passado, seus adversários afirmam que se Eduardo Amorim ganhar as eleições quem vai mandar no Governo é o irmão, o empresário Edvan Amorim. Qual será a influência de Edvan em uma administração de Amorim? O seu irmão está na coordenação da campanha?
EA: Quem comanda minha vida sou eu. Edvan é meu irmão, é sangue do meu sangue e quer o meu bem. Mas, ele toma conta da vida dele e eu da minha. As decisões que eu tomo são baseadas nos meus princípios e nas minhas convicções. A minha campanha eleitoral está sendo coordenada por mim e pelo meu vice, Ivan Leite. Edvan não participa deste processo e, quem falar o contrário, estará faltando com a verdade. Tenham certeza que, se o povo me der o mandato de governador, quem vai administrar sou eu. Em minha vida jamais deleguei algo para outra pessoa falar ou fazer por mim. Isso eu não admito. Um bom exemplo disso foi a minha votação contrária à reforma trabalhista. Apesar dos amigos e do meu partido terem pedido para votar a favor, eu não via com bons olhos essa reforma para o trabalhador. Como parte mais frágil do processo, os trabalhadores tiveram perdas históricas e eu não compactuei com isso. Portanto, reafirmo, se eu for o governador a partir de janeiro, eu serei o comandante dessa missão e, junto com meu vice e demais aliados, vamos mudar a realidade de Sergipe. Estou preparado e motivado para esse desafio.
“Tenham certeza que, se o povo me der o mandato de governador, quem vai administrar sou eu. Em minha vida jamais deleguei algo para outra pessoa falar ou fazer por mim. Isso eu não admito.”
AJN1: O ex-deputado federal e presidente do Democratas, Mendonça Prado, declarou que os Amorins tentaram tirar o partido dele, o que só não se concretizou graças a intervenção do prefeito de Salvador ACM Neto. Houve essa manobra e como o Sr. avalia essa afirmação?
EA: Não houve essa tentativa. O Democratas declarou, a nível nacional, apoio à candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência. Ou seja, ocorreu o alinhamento entre o DEM e o PSDB, mas já sabíamos que isso não aconteceria em Sergipe por divergências de ideias. Cada um segue sua vida e vamos em frente.
AJN1: Nos últimos anos o servidor público sequer teve a recomposição das perdas inflacionárias e tem convivido com o atraso de salários. Como o funcionalismo será tratado numa provável gestão de Amorim?
EA: Em nosso governo os servidores e os aposentados serão prioridade e terão o respeito que merecem. É inaceitável o descaso deste Governo com o servidor público. Parcelar salários e aposentarias é algo cruel. Imagine um aposentado que não tem como comprar seus remédios ou arcar com seus compromissos financeiros. Isso é um absurdo e precisa mudar. Nosso compromisso é que o servidor e o aposentado recebam dentro do mês. Também iremos atualizar os planos de carreira e promover a capacitação e valorização dos servidores mais especializados.
“Parcelar salários e aposentarias é algo cruel. Imagine um aposentado que não tem como comprar seus remédios ou arcar com seus compromissos financeiros. Isso é um absurdo e precisa mudar.”
AJN1: A malha viária sergipana está envelhecida e em condições precárias de tráfego. O governo atual sempre alegou falta de recursos para resolver o problema das rodovias que já não suportam mais as ditas “operações tapa-buracos”. Qual a saída e como se dará a atuação do seu governo na infraestrutura viária?
EA: As nossas rodovias estaduais foram abandonadas pelo atual governo. Estão cheias de buracos, mal conservadas e colocando em risco os que por elas transitam. Essa história de falta de recursos não convence. Prova disso é que as nomeações de apadrinhados políticos não param. Então não é falta de dinheiro, falta vontade. Mas essa realidade vai mudar. Vamos reestruturar o nosso DER que está sucateado. Ao invés de contratar empreiteiras e pagar milhões, será o próprio DER que irá recuperar e conservar todas as nossas rodovias estaduais.
AJN1: Segundo dados do IBGE, no primeiro trimestre de 2018, Sergipe ficou entre os cinco estados com maior percentual de população em situação de desemprego. O que fazer para reverter essa situação?
EA: Vamos incentivar os setores que foram abandonados pelo atual governo, a exemplo da Indústria. Motivar, desburocratizar e facilitar que novas indústrias cheguem a Sergipe, sem esquecer das que já estão atuando no Estado, estimulando assim a geração de emprego e renda. Vamos incentivar e fortalecer as pequenas empresas. O turismo também é outro setor que precisa de atenção e que pode gerar novos empregos. E para que as pessoas estejam preparadas para essas novas oportunidades, vamos investir na qualificação da mão de obra por meio das escolas profissionalizantes. Em nosso plano de governo constam outras ações para reduzir esse percentual de desemprego.
AJN1: Quando se fala no avanço da violência, logo se remete a deficiência do efetivo das forças policiais e de equipamentos para atuar de forma repressiva. Desta forma se busca sempre a repressão sem a integração de outros entes importantes nesse processo, a exemplo da Educação e Ação Social. Como o senhor avalia a segurança em nosso estado e qual o seu projeto para essa área?
EA: Sergipe vive, hoje, a maior crise na segurança pública de sua história atual em função da má gestão dos governos anteriores. Apesar de ser o menor Estado brasileiro, a violência é um dos maiores problemas a serem enfrentados. Estamos vivendo o pior momento. Nossos indicadores estão próximos do fundo do poço. Chegamos ao ponto de sermos considerados o Estado mais violento. Então, pretendemos fazer uma gestão responsável principalmente nessa questão da violência, dando qualidade ao gasto público e investindo em educação. Sergipe tem apenas dez entradas e saídas, o que torna mais fácil o controle das divisas. Por isso, se tivermos uma Polícia de Divisa forte, vamos inibir a entrada de armas e entorpecentes, o que está muito relacionado ao aumento da criminalidade. Isso é fundamental para a segurança e será prioridade em nosso governo. Vamos qualificar o policial e dar proteção especial às famílias dos policiais ameaçados em razão de suas atividades. Vamos desenvolver programas de apoio a projetos de policiamento comunitário, com a participação dos moradores na definição das prioridades da ação policial, bem como das estratégias de policiamento nas suas comunidades. Precisamos urgentemente investir em educação e geração de emprego. Se hoje Sergipe é o Estado mais violento, isso se deve à má gestão do Estado, sobretudo nos últimos dez anos. Isso preciso mudar e é o que pretendemos fazer.
“Se tivermos uma Polícia de Divisa forte, vamos inibir a entrada de armas e entorpecentes, o que está muito relacionado ao aumento da criminalidade.”
AJN1: Durante a campanha, o eleitor tem se acostumado a ouvir propostas que após a eleição são esquecidas. Se eleito, quais são as suas prioridades para os primeiros meses de mandato? Qual o planejamento para se pôr em prática o que está sendo proposto?
EA: Colocar ordem na casa, que está muito bagunçada. Vamos diminuir o número de Secretarias efetivamente, não apenas no papel. Há Estados eficientes que operam com 12 secretarias. Outra iniciativa importante e que deve ser feita imediatamente é um senso de todos os funcionários efetivos e comissionados para que tenhamos um conhecimento verdadeiro da realidade do Estado como empregador. Não se admite mais uma máquina inchada, com milhares de cargos sem que as pessoas apareçam para trabalhar, num verdadeiro cabide de emprego para lideranças políticas e ex-prefeitos do Interior do Estado. Além disso, o governador precisa ser rigoroso e intransigente com os gestores no controle das despesas de custeio e estabelecer novos limites no orçamento. Modernizar a estrutura de arrecadação da Secretaria da Fazenda, possibilitando um aumento em 20% a arrecadação com essa reestruturação. O Governo deve ainda auditar, com bastante rigor, todos os contratos vigentes, notadamente os mais onerosos e renegociá-los à luz da nova realidade econômica do Estado e do nosso País. Priorizar e discutir à exaustão os projetos de investimentos em função de sua importância social.
“O governador precisa ser rigoroso e intransigente com os gestores no controle das despesas de custeio e estabelecer novos limites no orçamento.”
AJN1: A saúde tem sido um problema grave em todo o país e em Sergipe não é diferente. O que fazer para melhorar a prestação deste serviço à população? Por onde começar? O Hospital do Câncer vai sair do papel?
EA: Como médico e parlamentar, priorizei emendas nessa área para os principais hospitais e municípios sergipanos. Conheço de perto as necessidades dos profissionais da saúde e, principalmente, dos pacientes e familiares que precisam de serviços na Saúde em Sergipe. A situação da Saúde sergipana não é por falta de recursos. Dinheiro para a Saúde tem. Agora mesmo o Estado está recebendo R$ 50 milhões extras da União, fruto de emenda de bancada destinada por nós, parlamentares. Vamos reestruturar os hospitais regionais para desafogar o Huse, entre outras medidas que irão mudar a realidade da Saúde sergipana. O Hospital de Câncer de Sergipe ainda não foi construído porque não é prioridade. Esse Governo não está nem aí para a vida de ninguém e não liga para o sofrimento das pessoas. Em 2014, eles prometeram até na propaganda do Governo, gastando uma fortuna no horário nobre de televisão para mentir. Quatro anos depois, nada foi feito, uma parede sequer foi construída. Colocamos sete emendas para a construção do Hospital de Câncer, mais de R$ 220 milhões. Boa parte desse recurso foi perdida, mais de R$ 120 milhões. Mas cerca de R$ 100 milhões estão na conta da Caixa Econômica Federal para o governo do Estado fazer essa obra, mas não faz porque não quer e porque não se coloca no lugar de quem está sofrendo. O dinheiro está na conta há muito tempo e nós vamos sim construir o tão sonhado Hospital do Câncer.
AJN1: Existe algum projeto voltado para construção de novas unidades habitacionais? Como vai funcionar?
EA: Participei de várias solenidades, enquanto senador da República e pude ver de perto a felicidade estampada nos rostos das mães de famílias, chefes de suas casas que, naquele momento, recebiam as chaves de suas propriedades com orgulho e alegria. Era o momento da liberdade, da vitória. A realização do sonho da casa própria, do aconchego, tranquilidade e paz. Em 2014, o déficit habitacional absoluto registrado no Nordeste brasileiro foi de mais de 1 milhão e 900 mil casas, em Sergipe era de mais 69 mil casas. Infelizmente, ainda temos muitas famílias que necessitam de moradia ou de auxílio-moradia. Em parceria com o Governo Federal, através do programa Minha Casa Minha Vida e da Caixa Econômica Federal, vamos construir mais moradias e reduzir esse déficit habitacional.
“Usaram dinheiro do fundo previdenciário com a promessa de colocar os salários dos aposentados em dia. Tudo enganação.”
AJN1: O déficit da previdência é apontado pelo atual governo como um dos principais gargalos para as finanças do Estado, o que tem gerado preocupação para os aposentados e pensionistas e também para o servidor da ativa, que teme pelo seu futuro. Qual seria a alternativa para solucionar essa questão?
EA: O rombo da Previdência cresceu assustadoramente e os últimos governos nada fizeram para evitar isso. Pelo contrário, usaram dinheiro do fundo previdenciário com a promessa de colocar os salários dos aposentados em dia. Tudo enganação. Será preciso coragem para enfrentar e resolver esse problema. Acredito que a primeira saída seja buscar a ajuda de especialistas renomados nacionalmente para buscar uma fórmula segura e eficiente de gestão previdenciária para, em conjunto com os servidores públicos, pensionistas e com os poderes constituídos do Estado obter uma solução segura e definitiva para esse grave problema.
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