ARACAJU/SE, 26 de outubro de 2024 , 17:34:24

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Aniversário da Capital: sofismas e nada mais

 

Por Joângelo Custódio

Hoje, 17 de março, Aracaju completa 162 anos de fundação. Essa frase será a mais escrita e mais verbalizada nos meios de comunicação até a exaustão ao longo do dia. As TV’s mostrarão as imagens repetidas ano a ano dos cartões postais; os governos, municipal e estadual, os sofismas escancarados nos sorrisos amarelos dos atores baianos em seus comerciais caríssimos, tentando reproduzir a imagem de uma capital feliz, onde o bom policial atravessa a rua com a velhinha e a criançada na escola, lépida, com merenda no prato e seus pais, pobres servidores, com os salários em dia e andando num transporte público digno.

O retrato esboçado é bacana, é aceitável nas ilhas de edições das produtoras de vídeo contratadas. Mas não, não é por aí que a banda toca.

A Aracaju de hoje vive amedrontada. E a ineficácia da segurança pública é o calcanhar de Aquiles, sim. Andar de ônibus é arriscar a vida em troca de um celular mal-acabado ou um tostão furado. Ontem (16) mesmo, a SSP divulgou o balanço dos assaltos a ônibus na Grande Aracaju nos últimos dois meses: foram 145. Uma média de 2,4 roubos por dia. Pegar um coletivo da Atalaia até o terminal da Maracaju é ter a certeza de que aquele aparelho celular comprado a suadas 10 parcelas, sendo que a primeira ainda não foi paga, será surrupiado. Isso quando o bandoleiro não resolve ceifar sua vida, sem mais e sem por que.

Além desse problema sério de insegurança desenfreada, outro gargalo é a questão da coleta seletiva, que já transformou a cidade na capital do lixo. Os aracajuanos sabem o quão sofreram nos últimos meses com o acúmulo de lixo em suas portas, com aquele cheiro insuportável transgredindo o olfato e violando a vista. E o problema ainda pode se agravar se não forem tomadas providências sérias e enérgicas.

As dificuldades parecem ser sempre as mesmas. Ora com mais intensidade ora camuflado de cidade feliz. A verdade é que não há nada para se comemorar. Aracaju merece muito mais que homenagens pomposas. A realidade está prostrada aos pés. Não adianta fechar os olhos. Aracaju é, sim, uma cidade violenta, com problemas estruturantes, um trânsito cada vez mais caótico, com motoristas selvagens e intolerantes, que se acham os melhores pilotos e ainda têm a audácia de esbravejar ao vento: “Sai da frente. Só pode ser mulher” ou ainda: “Me dá uma raiva de motorista lerdo”. Quem nunca, né? Além disso, uma saraivada de jovens está sendo arregimentada para o mundo do crime à luz do dia, sem antes passar pelo antro do saber. O cenário é desolador.

Quem se atreve a pegar a primeira fatia do bolo?

 

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