ARACAJU/SE, 25 de novembro de 2024 , 9:23:19

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Apesar de emitir uma medida protetiva por minuto, Brasil teve cinco feminicídios por dia em 2023

 

O Brasil emitiu, em média, uma medida protetiva a vítimas de violência doméstica por minuto no ano passado. Foram 553.391 documentos apresentados pelas justiças estaduais, conforme levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Apesar do número, o país registrou 1.706 feminicídios em 2023 — média de quase cinco crimes por dia. Até 24 de março deste ano, tinham sido emitidas 86.805 medidas protetivas — média de 0,72 por minuto.

Entre 1º de janeiro e 31 de março, 449 mulheres foram mortas no Brasil. A contagem de feminicídios é feita pelas universidades Estadual de Londrina (UEL), Federal de Uberlândia (UFU) e Federal da Bahia (UFBA).

O advogado criminalista e especialista em violência doméstica, Rafael Paiva, explica que o elevado número de feminicídios no Brasil justifica a necessidade de emissão de cada vez mais medidas protetivas.

“O que acontece é que muitas (medidas protetivas) são descumpridas pelos agressores. Então, nós temos, em alguns casos, um pedaço de papel chamado de mandado judicial de medida protetiva, que simplesmente é desconsiderado”, diz.

Na avaliação de Paiva, o agressor com intenção real de matar a companheira não respeita a medida. “Por isso, é importante ter, em alguns casos, dois pontos importantíssimos. O juiz tem de analisar se não é o caso de converter a medida protetiva numa prisão preventiva ou de decidir que o agressor use tornozeleira eletrônica”, acrescenta o advogado, que também é professor de direito penal, processo penal e Lei Maria da Penha.

A sugestão de monitorar eletronicamente os acusados por violência doméstica foi feita no mês passado pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), órgão do Ministério da Justiça e Segurança Pública. O objetivo é garantir que as medidas protetivas de urgência sejam efetivas.

Após a recomendação, o R7 apurou que o Brasil precisaria comprar 399.882 tornozeleiras eletrônicas para cumprir a sugestão. Até dezembro do ano passado, data da atualização mais recente, o país tinha 153.509 equipamentos, segundo a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).

“Nós já temos hoje tecnologia mais do que suficiente para mapear para onde o agressor está indo, inclusive com aviso à polícia, à guarda civil, quando se aproximar da vítima. Então, a medida protetiva, em si, é muito importante e funciona na maior parte dos casos. Mas, infelizmente, nesses casos mais graves, a única medida que funciona é a prisão ou, no mínimo, a tornozeleira eletrônica”, conclui o advogado.

Fonte: R7

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