O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), iniciou a distribuição do seu parecer final na noite desta segunda-feira, depois de uma minuta ser vazada à imprensa, no fim de semana, sem o conhecimento da cúpula da comissão de inquérito. O envio do texto, com mais de mil páginas, propõe o indiciamento de ao menos 70 pessoas e busca reverter o “racha” que se abriu no “G7” (maioria do colegiado formado por senadores independentes ou de oposição ao governo).
A troca de farpas envolveu, principalmente, Renan e o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), que acusou o relator de vazar partes do na imprensa com a intenção de ficar bem com a opinião pública e, depois, jogar sobre os demais integrantes o ônus de possíveis mudanças que poupem o governo Bolsonaro ou seus integrantes.
O senador alagoano, por sua vez, procurou minimizar o problema. “Até agora eu não sei qual a divergência dele [Omar] com o relatório. Confesso que se eu soubesse quais divergência são, eu sequer as tinha colocado. O relatório tinha que ser uma obra coletiva e não individual”, afirmou.
Os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Humberto Costa (PT-PE), foram escalados para diminuir a temperatura. No fim da tarde, os dois se reuniram com Omar separadamente e, em seguida, fizeram o mesmo com o Renan Calheiros. Novas conversas deve acontecer até quarta-feira, data da leitura do parecer na comissão. Enquanto isso, estão sendo discutidos novos ajustes no relatório.
Uma das possibilidades é a inclusão de Flávio Cadegiani como 71º indiciado. Na visão da CPI, ele é o responsável pela promoção dos testes irregulares com o medicamento proxalutamida em mais de 600 pacientes no Amazonas e no Rio Grande do Sul. Há suspeitas de que mais de 200 pacientes possam ter morrido em razão do uso do medicamento. Além disso, Randolfe Rodrigues tem defendido o indiciamento do ministro da Economia, Paulo Guedes, o que também divide alguns senadores.
Fonte: Valor