O ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso disse nesta sexta-feira (3) que o Brasil passou por um processo de “atraso civilizatório” nos últimos anos. Ele também tratou como “absurda valorização do estilo Roberto Jefferson e Daniel Silveira ” no país.
“Eu tenho uma visão não política, mas institucional, bastante severa dos tempos que nós atravessamos recentemente. Eu acho que o Brasil viveu um período de atraso civilizatório marcado por um contexto em que se naturalizaram as ofensas, a grosseria, a difusão do ódio e a extração do que de pior havia nas pessoas”, declarou.
Barroso citou Silveira e Jefferson, que foram presos após promoverem ataques contra membros e instituições do país. A fala dele foi realizada em uma palestra na Conferência Lide, em Lisboa, da qual participou virtualmente.
“Foi um processo histórico antecedido por ataques desrespeitosos e repetidos às instituições, pela absurda e indevida politização das Forças Armadas e por um discurso que era permanentemente golpista e que incluiu a tentativa de volta ao voto impresso com contagem manual”, explicou ao falar do ato terrorista de 8 de janeiro.
Barroso acredita que o país passou a desprezar a educação, a ciência e a cultura, colocando o país em um “período relevante de risco democrático”.
“Então podem os senhores imaginar o que teriam sido as seções eleitorais com essas hordas de pessoas truculentas, violentas, e armadas muitas vezes, com uma contagem pública manual de votos; e uma absurda valorização do estilo Roberto Jefferson e Daniel Silveira ao longo do tempo”, relatou.
“A civilidade, o respeito às instituições democráticas, à educação, à cultura e à ciência são premissas que devem permear qualquer visão política do mundo”, acrescentou.
Os casos citados por Barroso são de Daniel Silveira e Roberto Jefferson. O primeiro foi preso na quinta (1º) em Petrópolis (RJ), um dia após o fim do seu mandato parlamentar. A determinação da prisão partiu do ministro Alexandre de Moraes, que argumentou o descumprimento de medidas cautelares.
Silveira foi responsável por promover ataques e disseminar fake news contra membros do Supremo. Ele é acusado de estar ligado aos atos antidemocráticos de 7 de setembro de 2021.
No fim do ano passado, Roberto Jefferson foi preso por promover ataques contra ministros do TSE e ao sistema eleitoral brasileiro. Ele também reagiu a tiros e granas à ação dos policiais, deixando dois feridos.
Fonte: IG