O presidente Jair Bolsonaro encaminhou um áudio para apoiadores, nesta quarta-feira, no qual pede que os caminhoneiros desmobilizem a paralisação iniciada em rodovias de pelo menos 14 Estados. Na mensagem, Bolsonaro chama a categoria de “aliada”, mas diz que os protestos vão atrapalhar a economia, provocar desabastecimento e inflação. A autenticidade do áudio foi confirmada ao Valor por autoridades do governo que estão à frente da negociação com os profissionais.
“Fala para os caminhoneiros, que são nossos aliados, mas esses bloqueios atrapalham a economia. Isso provoca desabastecimento, inflação, prejudica todo mundo, em especial os mais pobres. Dá um toque aí, se for possível, para a gente seguir a normalidade. Deixa a gente conversar em Brasília aqui agora. Não é fácil conversar, negociar, com outras autoridades, não é fácil, mas vamos buscar fazer nossa parte aqui. Vamos buscar uma solução por aqui”, diz Bolsonaro.
Por volta de 22h40, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas publicou um vídeo em rede social no qual confirma que o áudio é de Bolsonaro e repete os termos usados pelo presidente para pedir o recuo dos caminhoneiros.
O governo precisou intervir porque, mais cedo, começou a circular um vídeo no qual um caminhoneiro conhecido como Zé Trovão, que é líder da categoria, pediu que os profissionais de todo o país deem início ao bloqueio das rodovias. No vídeo, Zé Trovão diz, inclusive, que “tem gente mandando desmobilizar”.
Fonte do Ministério de Infraestrutura diz que ninguém na pasta nunca tinha ouvido falar sobre Zé Trovão até a ação do STF alçá-lo a esse protagonismo. “A impressão que nós temos é que há uma ideia supervalorizada do papel dele em relação à categoria. Nesse momento a PRF identifica que esses movimentos em estradas estão sendo feitos sem uma coordenação central nem pauta definida”, disse a fonte ao Valor.
“O que quero dizer com isso: precisamos ter muito cuidado para eleger um suposto líder desse movimento que na verdade não tem representatividade com a categoria. Ele se tornou uma pessoa influente dentro do bolsonarismo e tal, mas não é uma liderança setorial relevante”, complementou a fonte.
Segundo boletim divulgado às 20h30 de hoje pelo Ministério da Infraestrutura, os caminhoneiros realizam paralisações em trechos de rodovias em ao menos 14 Estados — um dia após os atos de raiz golpista convocados pelo presidente. No entanto, a Pasta não informou em quais desses Estados houve paradas.
Até o fim da tarde desta quarta, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) já havia registrado atos de caminhoneiros em rodovias federais de oito unidades da federação. Os atos registrados pela PRF até 17h30 ocorreram na Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Paraná, Maranhão e Rio Grande do Sul.
Fonte: Valor