ARACAJU/SE, 1 de novembro de 2024 , 9:18:38

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Bolsonaro filia-se ao PL em aposta no “centrão” para 2022

O presidente Jair Bolsonaro participa, nesta terça-feira (30), de cerimônia de filiação ao Partido Liberal (PL) ‒ sigla do chamado “centrão”, presidida pelo ex-deputado federal Valdemar Costa Neto. O evento sela uma mudança na estratégia do mandatário para as eleições de 2022, com a aposta em alianças com partidos políticos estruturados, ao contrário do discurso antissistema adotado no pleito de 2018.

A filiação ao PL é mais um capítulo da aproximação entre Bolsonaro e os partidos do chamado “centrão” (que ocorre desde meados de 2020), e traz sinalizações sobre as estratégias de alguns dos principais atores políticos para as próximas eleições.

O evento também põe fim a um período de pouco mais de dois anos em que Bolsonaro esteve sem partido. O presidente deixou o PSL, em novembro de 2019, em meio a uma queda de braço com Luciano Bivar (PE), presidente da legenda. A disputa envolvia a ocupação de posições estratégias no partido e o controle do cofre. Na época, Bolsonaro havia decidido trabalhar na criação do seu próprio partido, Aliança pelo Brasil, que não prosperou por falta de assinaturas para a efetuação do registro.

Com as eleições cada vez mais próximas, Bolsonaro mantinha conversas com dirigentes partidários em busca da melhor opção para abrigá-lo. Foram ao menos seis negociações malsucedidas: com Republicanos, PMB, Patriota, PRTB, PTB e PP. Até que o martelo foi finalmente batido com o PL. A sigla é controlada há anos por Valdemar Costa Neto, ex-parlamentar condenado por corrupção no julgamento do escândalo do “mensalão”.

Analistas políticos acreditam que o acerto cria um esboço do que deverá ser a coalizão de Bolsonaro em sua candidatura à reeleição em 2022. A expectativa é que integrem formalmente o bloco importantes legendas do “centrão”, como PP e Republicanos, mas o presidente terá que mostrar serviço (isto é, provar ser competitivo nas pesquisas eleitorais) para evitar traições durante a campanha.

Com a filiação, Bolsonaro tenta consolidar a coalizão que dará suporte à sua candidatura à reeleição e afasta o risco de acordo de uma dessas siglas com potenciais adversários na disputa pelo Palácio do Planalto – especialmente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que atualmente lidera as pesquisas.

A aliança com o PL representa uma mudança significativa na estratégia de Bolsonaro em comparação com a campanha vitoriosa em 2018, quando se filiou ao PSL – à época, sigla nanica, com pouca estrutura, recursos reduzidos e baixíssima capilaridade – para concorrer ao Palácio do Planalto e lançou mão de discurso crítico à política tradicional e ao “centrão” a que hoje se alia.

O movimento traz riscos de parcela do bolsonarismo se sentir traído pelo movimento do presidente deve ser considerado, sobretudo após o ingresso de Sergio Moro (Podemos) no páreo. O ex-juiz da Lava Jato conta com prestígio de parcela relevante do eleitorado conservador e pode fazer sombra nos planos de reeleição de Bolsonaro.

A eventual construção de uma coalizão com PL, PP e Republicanos, no entanto, não é garantia de que os partidos e suas estruturas estejam fechados com a candidatura de Bolsonaro na prática.

Especialistas alertam que a adesão vai depender de quão competitiva for entendida a campanha à reeleição do atual presidente. Caso outras candidaturas sejam vistas como favoritas, há riscos de o mandatário repetir a história de Ulysses Guimarães (PMDB), em 1989, e Geraldo Alckmin (PSDB), em 2018.

Caravana bolsonarista

Além de Bolsonaro, devem acertar filiação ao PL o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) e um grupo estimado em 15 deputados federais, sendo a maioria hoje do PSL ou DEM – siglas que acertaram fusão para a criação da União Brasil. A expectativa é que os ministros Onyx Lorenzoni (Trabalho) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) acompanhem o mandatário futuramente.

Diversas figuras políticas marcaram presença na cerimônia desta terça-feira (30). Dentre elas, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), os ministros Ciro Nogueira (Casa Civil), Onyx Lorenzoni, Fábio Faria (Comunicações), Paulo Guedes (Economia), Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia), general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), João Roma (Cidadania), Flávia Arruda (Secretaria de Governo). Também participou o deputado Marcos Pereira (SP), presidente do Republicanos.

Estrutura partidária

O Partido Liberal (PL) conta com uma bancada de 43 deputados federais (terceira maior na Câmara dos Deputados) e 4 senadores (oitava maior no Senado Federal). Nas últimas eleições municipais, a legenda aumentou de 297 para 345 o número de prefeitos, ocupando a sexta posição na lista dos partidos que comandam mais prefeituras.

De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PL recebe R$ 4,061 milhões por mês do fundo partidário em 2021, totalizando R$ 48,737 milhões no ano, o equivalente a 5,45% do bolo todo. Isso faz do partido o oitavo em dotação de recursos do fundo, com pouco menos da metade do que recebe o primeiro da lista – PSL, com cerca de R$ 104,56 milhões anuais.O valor do fundo eleitoral ainda não está definido para o próximo pleito, mas, considerando o montante distribuído entre as legendas nas últimas eleições municipais, o PL teria direito a R$ 117.621.670,45 – 58,43% dos valores recebidos pelo PT (R$ 201.297.516,62).

Infomoney

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