Em entrevista à Jovem Pan na noite desta quarta-feira (4), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) apresentou, ao lado do deputado Filipe Barros (PSL-PR), um inquérito da Polícia Federal dentro do qual o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) admite a ocorrência de uma invasão a sistemas internos no qual o hacker teria acessado o código-fonte da urna eletrônica. Para Bolsonaro, seria a prova de que a eleição de 2018 pode ter sido fraudada.
“Temos em mãos aqui a comprovação — porque quem diz isso é o próprio TSE, não é nem a Polícia Federal, que no período de abril a novembro de 2018, quando tivemos eleições e eu fui eleito presidente — de que o código-fonte esteve na mão de um hacker. E o código-fonte estando na mão de um hacker, ele pode tudo. Pode até você apertar 1 e sair o 13. Pode apertar 17 e sair nulo. Pode alterar votos, pode fazer tudo. E no mínimo esse hacker esteve lá dentro dos computadores que tratam das eleições”, disse o presidente.
Barros disse que conseguiu cópia do inquérito junto ao delegado da PF responsável pela investigação sobre a invasão, ocorrida em abril de 2018. O hacker teria permanecido por meses nos sistemas internos do TSE, inclusive com acesso a senhas de um ministro e de um servidor que teria acesso ao código-fonte. Para o deputado, ele pode ter adulterado o software que foi instalado posteriormente nas urnas eletrônicas.
“O próprio TSE afirma que o hacker teve acesso às chaves. Essas chaves são geradas quando o TSE faz cerimônia de lacração, que eles assinam o software que vão para as urnas depois. E que o material que o hacker mandou diz respeito ao momento do desenvolvimento do software. Acontece que isso é gravíssimo, porque se o hacker teve acesso ao desenvolvimento do software e posteriormente o TSE lacrou o software e colocou dentro da urna, sem ninguém perceber, porque o software tem mais de 70 milhões de linhas de código-fonte. Então se ele teve acesso a tudo isso, inclusive no momento em que o software era desenvolvido, pode ter feito uma alteração, uma programação do software, para fazer qualquer desvio de votos. E inclusive esse software lacrado e assinado pelo próprio TSE”, disse o deputado.
Barros, que é relator da PEC do voto impresso na Câmara, disse que disponibilizou cópia do inquérito para todos os deputados federais. Ele defendeu a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o TSE. O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, afirmou nesta quarta que está preparando um pedido para abertura da “CPI das urnas eletrônicas”.
Bolsonaro disse que leu o inquérito e citou um trecho no qual o TSE também admite que os logs — arquivos que registram os dados aos quais o hacker teve acesso nos sistemas do tribunal — foram apagados.
“Ou seja, o próprio TSE apagou os arquivos por onde andou o hacker e onde ele possivelmente adulterou. Agora, é um inquérito que o TSE deveria dar prioridade máxima. Vamos resolver para tapar os furos no futuro. Não fizeram nada, simplesmente, desde novembro de 2018, se calaram, ficaram quietinhos, botando pedra em cima. Agora, a gente vê, aquela série de pessoas que passaram pelo TSE assinando embaixo que o sistema é inviolável. O próprio TSE está dizendo que o sistema não é só violável, como foi violado”, disse Bolsonaro.
O presidente acusou o ministro Luís Roberto Barroso, que preside o TSE, de mentir por falar que o sistema eletrônico de votação era inviolável.
“O senhor sabe disso, ministro. Não fica bem para Vossa Excelência mentir descaradamente dessa maneira. E não tente me jogar contra o Supremo, levar para o lado do corporativismo, que não é isso que está em jogo aqui. Não tenho problemas com um montão de ministros do Supremo, como não tenho problemas com nenhum ministro do TSE”, disse na entrevista.
Ele afirmou que a Polícia Federal vai investigar a invasão “até o final”. “Isso vai ser prioridade total”, disse.
A Gazeta do Povo entrou em contato com o TSE para obter uma resposta sobre as declarações de Bolsonaro, mas não houve manifestação até a publicação desta reportagem.
Fonte: Gazeta do Povo