O então presidente Jair Bolsonaro (PL), depois de perder as eleições no ano passado, tentou convencer a cúpula das Forças Armadas a dar um golpe de Estado. Ele chegou a se reunir com militares de alta patente para discutir o texto de uma minuta que impediria a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A informação consta de um dos anexos do acordo de colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. O conteúdo foi revelado pelo jornal “O Globo” e o portal “UOL” e confirmado pelo Valor com duas fontes a par das investigações.
Cid teria participado desse encontro e relatado que o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, disse que ajudaria a colocar o plano em prática. Os demais presentes, no entanto, apontaram que não embarcariam em aventura golpista.
O texto da minuta previa, entre outros pontos, até a prisão de adversários políticos e de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Um documento similar foi encontrado pela Polícia Federal (PF) na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. O documento previa a instauração de um estado de defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com o objetivo de reverter o resultado do segundo turno da eleição.
Segundo os investigadores, ainda há dúvidas se era mesmo texto ou se houve várias versões de minutas golpistas circulando pelo Palácio do Planalto.
O acordo de colaboração de Mauro Cid foi fechado pela Polícia Federal e homologado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes em 9 de setembro. No mesmo dia, o miliar foi colocado em liberdade provisória.
Ele estava preso desde maio, por causa das investigações sobre a existência de um suposto esquema para falsificação de certificados da vacina contra covid-19.
Além de falar sobre as tratativas para um golpe de Estado e o caso das vacinas, a delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro também trata da venda de presentes oficiais no exterior, como as joias recebidas da Arábia Saudita.
Fonte: Valor