Da redação, Joângelo Custódio
O governador Belivaldo Chagas (PSD) empossou na manhã desta quinta-feira (21), o engenheiro civil Carlos Melo como presidente da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso), em substituição ao funcionário de carreira e também engenheiro José Gabriel Almeida de Campos.
Melo retorna ao posto de diretor-presidente nove meses depois de ter sido afastado da chefia da Deso para assumir a direção da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), por orientação do ex-governador Jackson Barreto.
E a missão não será fácil. Ele terá que mudar a imagem amplamente deteriorada de uma companhia fundada há 50 anos e que é alvo diário de reclamações da população pelos frágeis serviços que oferece.
Recentemente, a companhia, que leva água potável para quase todos os 75 municípios, estava nos planos do governo Federal para ser privatizada. À época, inclusive, Belivaldo Chagas, que estava na função de vice-governador, havia cogitado, durante entrevista a uma TV local, que o dinheiro com a venda da Deso poderia ser utilizado para “socorrer o caixa da Previdência Social”.
Mudou de ideia
Mas Belivaldo, agora governador, não pensa mais dessa forma. Durante a posse de Melo, ele reforçou a importância dos serviços prestados pela Companhia e a necessidade de torná-la ainda mais eficiente. Uma possível venda de ações também não está descartada.
“Não está no meu radar privatizar a Deso, e sim, torná-la eficiente. Vamos trabalhar buscando eficiência. Em nenhum momento o estudo tinha como objetivo privatizar a Deso. O estudo apresentava caminhos de sub-concessão, concessão, privatização, de venda de ações, vários caminhos. Não é um estudo só para dizer “privatize”. Privatizar ou não é uma decisão política, não depende de estudo para fazer privatização”, disse.
Arguto, Carlos Melo repetiu o discurso otimista do chefe. “É como muita alegria que a gente volta à nossa casa, eu sou funcionário da Deso, tive a oportunidade de presidir a Deso e estou retornando nesta nova missão. Voltamos com uma nova missão, um compromisso de alavancar para levar água àqueles que ainda não têm. Hoje, a Deso tem uma cobertura de 97% da população, mas alguns locais têm intermitência por seus mananciais ficarem fracos durante o verão. Temos esse compromisso de desenvolver o estado, alavancar projetos e ir atrás de recursos para que a gente possa construir obras e implantar não só de água, mas de esgotamento sanitário em todas as sedes municipais do interior do estado”, destacou.
Principais problemas
Hoje, a Deso tem uma série de problemas estruturais a serem enfrentados. O principal é o desperdício de água e dos “gatos”, que atrapalham o abastecimento. “A gente precisa atuar no estado como um todo, principalmente no combate à perda de água que é produzida pela Deso. Não vou permitir, a partir do mês de abril, já que neste mês vamos dar um prazo para identificar, notificar e chamar o cidadão para regularizar sua situação, o uso dos famosos “gatos”, que são as redes de água que são puxadas para residências e empreendimentos sem que se pague nada à Deso”, explicou o governador.
Além disso, existe um sistema de adutoras completamente obsoleto, que comumente rompe e deixa milhares de pessoas sem abastecimento. É notória também a questão da deficiência no tratamento de esgoto, um drama antigo e que é premissa para a boa saúde pública.
Técnicos da própria Companhia, que não quiseram se identificar, denunciam estruturas de captação de água ultrapassadas e que não acompanham a crescente demanda da população, como a que existe em Malhador e que recolhe água dos riachos Cajueiros dos Veados e Mata Verde. De acordo com os técnicos, além da estrutura da Deso ser velha, há também a disputa com os agricultores irrigados, o que vem gerando, de verão a verão, racionamento na cidade.
Esses exemplos se repetem Sergipe afora e os desafios da Companhia se multiplicam a uma velocidade descomunal.