A Assembleia-Geral da ONU aprovou nesta quarta-feira uma resolução condenando a Rússia pela anexação dos territórios de Luhansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia, anunciada por Vladimir Putin há duas semanas. O Brasil, que tradicionalmente tem optado por se abster nas votações sobre a guerra na Ucrânia, votou a favor da condenação.
O texto foi aprovado por uma ampla maioria. Foram 143 países a favor, 5 contra e 35 abstenções.
Aliada de Moscou, Pequim demonstrou no voto que existem limites para que a China apoie Putin. Os chineses optaram pela abstenção, não se alinhando completamente ao posicionamento do Kremlin. O gesto foi seguido pela Índia e considerado entre os diplomatas europeus como um sinal de que os russos podem não ter um apoio incondicional por parte dos aliados chineses.
No caso do Brasil, o voto representa uma mudança em relação a um posicionamento que já passou a ser tradicional do Itamaraty na guerra na Ucrânia. O governo acredita que o esforço das potências ocidentais de isolar Moscou apenas aprofunda a crise e rompe canais de comunicação que seriam relevantes para a busca de um acordo de paz.
Mas, na avaliação dos europeus e americanos, o posicionamento brasileiro no fundo ajuda Putin a manter sua guerra.
Na semana passada, o Brasil tinha optado pela abstenção na votação para a criação de um mecanismo de monitoramento das violações de direitos humanos na Rússia.
Para analistas e ativistas como a Human Rights Watch, o resultado da votação “mandou uma mensagem inequívoca” de que a comunidade internacional rejeita a anexação promovida pelos russos. Para negociadores, o placar ainda coloca uma pressão extra sobre Putin. Apenas Coreia do Norte, Síria, Belarus e Nicaragua votaram ao lado dos russos.
A resolução também declara que os referendos realizados de 23 a 27 de setembro em partes dessas regiões não são válidos e nem constituem a base para qualquer alternância do status dessas regiões da Ucrânia, incluindo qualquer suposta anexação por parte da Federação Russa.
A resolução também declara que os referendos realizados de 23 a 27 de setembro em partes dessas regiões não são válidos e nem constituem a base para qualquer alternância do status dessas regiões da Ucrânia, incluindo qualquer suposta anexação por parte da Federação Russa.
Apresentando o texto intitulado “Integridade territorial da Ucrânia: defesa dos princípios da Carta das Nações Unidas”, o representante ucraniano disse que, desde 23 de setembro, a Federação Russa voltou a violar o direito internacional e os referendos simulados em quatro áreas ucranianas representam uma ameaça existencial para as Nações Unidas e sua Carta.
Ele instou a Assembleia a defender os princípios da Carta e a reconfirmar que eles continuam sendo um forte escudo para proteger todas as nações. “Estamos agora em um ponto de viragem em que a ONU ou restaurará sua credibilidade ou acabará por cair no fracasso”, disse.
O representante da Federação Russa, no entanto, disse que a Ucrânia e o Ocidente estão fingindo que a história só começou em fevereiro, quando a invasão ocorreu.
Segundo Moscou, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) “só quer escalar o conflito como parte de seu plano para minar a Federação Russa”.
Para os russos, as potências ocidentais continuam a fornecer armas ao governo de Kiev, e a Ucrânia é agora uma plataforma para testá-las.
Fonte: Uol