A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Braskem já conseguiu o número mínimo de membros para iniciar os trabalhos no Senado. Conforme o senador Renan Calheiros (MDB-AL), autor do requerimento para a criação do colegiado, a CPI deve ser instalada entre terça (12) e quarta-feira (13).
Ao todo, os líderes partidários já indicaram nove dos 11 membros titulares da CPI da Braskem, sendo eles: Renan, Efraim Filho (União Brasil-PB), Cid Gomes (PDT-CE), Rodrigo Cunha (Podemos-AL), Omar Aziz (PDT-AM), Jorge Kajuru (PSB-GO), Wellington Fagundes (PL-MT), Eduardo Gomes (PL-TO) e Dr. Hiran (PP-RO).
Dos sete suplentes que a CPI terá, apenas cinco nomes foram indicados, sendo: Magno Malta (PL-ES), Fernando Farias (MDB-AL), Cleitinho (Republicanos-MG), Jayme Campos (União Brasil-MT) e Leila Barros (PDT-DF).
Aziz é um dos nomes que podem presidir a comissão. Renan deve pleitear a relatoria ou a presidência da CPI, pois foi quem teve a iniciativa do colegiado. Na próxima semana, os membros vão eleger o presidente e escolher o relator.
A ideia é que os trabalhos sejam retomados em fevereiro de 2024. O prazo inicial dos trabalhos será de 120 dias.
O colegiado pretende investigar a Braskem, que foi a responsável pela extração de sal-gema que ameaça desabar em Maceió, capital de Alagoas. A comissão pode tornar alvo o prefeito da cidade, João Henrique Caldas (PL), que pretende tentar a reeleição no próximo ano.
Caldas também é aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que rivaliza com Renan em Alagoas.
O PT, partido do governo federal, ainda não indicou os nomes para o colegiado. Durante a coleta de assinaturas, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), orientou a bancada a não assinar o requerimento da CPI. Apenas o senador Paulo Paim (PT-RS) assinou o documento.
O governo do presidente Lula tem receio de que as investigações da comissão atinjam a Petrobras e a Novodor, antiga Odebrecht. Ambas as estatais possuem grande parte das ações da Braskem. O governo também tenta vender a Braskem, e a CPI pode dificultar a transação.
Senador já apontou suspeição de Renan na CPI da Braskem
Outro aliado de Lira e do prefeito de Maceió é o senador Rodrigo Cunha, membro da CPI. Antes de o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ler o requerimento da comissão, Cunha apresentou uma questão de ordem apontando a suspeição de Renan no colegiado.
“O senador Renan está ligado à empresa (Braskem), o que desvirtuaria a CPI”, disse Cunha à época. “O senador vai usar a comissão para reaver seus interesses pessoais. Minha dúvida é: é possível que um senador, que tem interesse pessoal, possa ser o autor principal do requerimento, ser membro, presidente ou relator da CPI?”
A fim de sustentar a questão de ordem, Cunha destacou que Renan foi presidente da empresa Salgema entre 1993 e 1994. Em 1996, a empresa passou a se chamar Trikem e, em 2002, tornou-se a Braskem.
“Além de ter presidido a empresa, Renan é acusado de receber suborno do setor de propinas da Odebrech para favorecer esquemas de corrupção”, continuou Cunha.
Fonte: Revista Oeste