A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as ações e possíveis omissões do governo federal na pandemia de covid-19 ouve nesta terça-feira (25), a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro. A servidora é conhecida como “Capitã Cloroquina”, por defender o uso do medicamento para tratamento da covid-19, mesmo sem eficácia comprovada.
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as ações e possíveis omissões do governo federal na pandemia de covid-19 ouve nesta terça-feira (25), a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro. A servidora é conhecida como “Capitã Cloroquina”, por defender o uso do medicamento para tratamento da covid-19, mesmo sem eficácia comprovada.
Mayra Pinheiro conta com um habeas corpus concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, na última sexta-feira (20). A medida, embora não seja tão abrangente quanto a do ex-ministro Eduardo Pazuello, garante que ela possa deixar de responder perguntas sobre fatos ocorridos entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021, época em que aconteceu a crise de falta de oxigênio em Manaus.
A justificativa é que, assim como Pazuello, Mayra é alvo de investigação pelo Ministério Público Federal no Amazonas que apura a responsabilidade do governo federal no colapso de saúde em Manaus. Ela pode não responder sobre o assunto para não gerar provas contra si mesma na ação. Ou seja, tem o direito de não se incriminar.
Mayra, entretanto, será perguntada sobre vários outros assuntos. O nome da Capitã Cloroquina apareceu em depoimentos anteriores, com o de Pazuello. O ex-ministro afirmou que ela foi a responsável pelo desenvolvimento do aplicativo TrateCov, que recomendava o uso de cloroquina e ivermectina para quem tivesse sintomas iniciais de covid-19, inclusive para bebês.
Pazuello também disse que foi Mayra que elaborou um ofício, em 7 de janeiro, que orientava o tratamento precoce e determinava o envio de 120 mil comprimidos de hidroxicloroquina para o Amazonas. Segundo o ex-ministro, a ideia do atendimento precoce em meio ao colapso de saúde no estado partiu da secretária, após visita a Manaus.
Os senadores também vão pedir à secretária que explique as posições adotadas por ela em relação a isolamento social, vacinação, postura do governo federal durante a pandemia, propagandas oficiais, omissão de dados, entre outros temas.
Requerimentos
Na quarta-feira (26), a CPI não terá nenhum depoimento. Os senadores pretendem usar a sessão para decidir quem será ouvido na quinta-feira (27), e votar uma série de requerimentos pendentes, que tratam de novas convocações e de assuntos como a quebra de sigilos telefônico e bancário de depoentes.
Estão na mesa 343 requerimentos. Mais da metade deles sugere a convocação de novas testemunhas. Há proposta, por exemplo, para chamar o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, para explicar participação em reunião com representante da Pfizer, no Palácio do Planalto, e com o Ministério da Saúde.
Senadores também sugerem a convocação de ministros de Bolsonaro, como Paulo Guedes (Economia), Walter Braga Netto (Defesa), Anderson Torres (Justiça) e Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil e ex-Secretaria de Governo). Há, ainda, pedido para oitiva de representante da empresa White Martins, fornecedora de oxigênio de Manaus.
Fonte: Exame