Em uma entrevista concedida ao jornal O Globo nesse domingo (29), a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, disse que o crime organizado brasileiro tenta influenciar nas eleições e que, para isso, são necessárias medidas e ações precisas do Judiciário.
Para a ministra, o “crime quer formular leis” e que a “Justiça deve dar respostas imediatas”. Cármen Lúcia destacou que a tentativa de influência e de infiltração de grupos criminosos nas eleições é “bastante grave” e que “não pode ser subestimada”. Ela também lembrou de assassinatos de candidatos neste pleito, em que há suspeitas de envolvimento destas organizações.
Diante deste cenário, a ministra afirmou que o TSE criou um núcleo especializado envolvendo a Polícia Federal e o Ministério Público pelo qual estão sendo cruzados dados e informações de candidatos que possam ter ligações com o crime organizado.
A medida adotada pelo TSE é inédita. Para garantir segurança aos locais de votação, a ministra disse que, além das polícias estaduais e federais, as Formas Armadas podem ser acionadas em cidades onde se identifique risco à integridade de eleitores e candidatos.
O primeiro turno das eleições municipais ocorre no próximo domingo (6). Em cidades com mais de 200 mil eleitores e que podem ter segundo turno os eleitores voltam às urnas no dia 27 de outubro.
Violência política
A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia, criticou, na última terça-feira (24), a escalada de atos e violência durante a campanha eleitoral deste ano. Ela criticou “cenas abjetas e criminosas, que rebaixam a política a cenas de pugilato”. A ministra pediu a candidatos e partidos que “tomem tenência” e “respeitem a cidadania brasileira”.
Apesar de não citar casos específicos, a manifestação de Cármen Lúcia ocorre após um assessor de Pablo Marçal (PRTB), candidato à prefeitura de São Paulo, dar um soco em Duda Lima, marqueteiro do prefeito Ricardo Nunes (MDB), durante uma debate.
No último dia 15, outro episódio de violência marcou a eleição da capital paulista, quando o candidato José Luiz Datena (PSDB) jogou uma cadeira em Marçal também durante um debate.
“Política não é violência, é a superação da violência. Violência praticada no ambiente da política desrespeita não apenas o agredido, mas ofende toda a sociedade e a democracia”, disse Cármen Lúcia. A presidente do TSE citou que campanhas usam “tática ilegítima e desqualificada” para atacar a sociedade e as instituições.
“Por despreparo, descaso, ou tática ilegítima e desqualificada de campanhas, atenta-se contra cidadãs e cidadãos, atacam-se pessoas e instituições, e na mais subalterna e incivil descompostura, impõe-se às pessoas honradas do país, que querem apenas entender as propostas que os candidatos oferecem para a sua cidade, sejam elas obrigadas a assistir cenas abjetas e criminosas, que rebaixam a política a cenas de pugilato, desrazão e notícias de crimes”, enfatizou.
A ministra informou ainda que notificou a Polícia Federal (PF), o Ministério Público Federal (MPF) e os presidentes dos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) para que investiguem crimes eleitorais com celeridade e rigor. “Todas as agressões praticadas no processo eleitoral, que vem aumentando em demonstração de ensurdecedor retrocesso civilizatório, não serão aceitos pela Justiça Eleitoral”, enfatizou.
Fonte: Gazeta do Povo