Dados de geolocalização do celular de Filipe Martins indicam que o aparelho telefônico do ex-assessor de Jair Bolsonaro (PL) esteve ligado no Brasil em 31 de dezembro de 2022, um dia depois da suposta viagem com o ex-presidente para Orlando, na Flórida (EUA). Segundo a Polícia Federal (PF), a ida ao país poderia “indicar que o mesmo tenha se evadido do país para se furtar de eventuais responsabilizações penais”.
A operadora Tim encaminhou ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre Moraes os registros dos sinais de celular de Martins. O documento mostra permanência do aparelho no Brasil em 31 dezembro de 2022 e também apresenta a viagem do ex-assessor para Curitiba (PR).
Em petição a Moraes, o ex-assessor de Bolsonaro permitiu a quebra de seu sigilo telemático para comprovar sua permanência no Brasil, o que contraria o argumento da PF.
Leia abaixo a data e local dos dados de geolocalização de Filipe Martins em 31 de dezembro de 2022:
– 16h56m17s – Park Way, região administrativa de Brasília, a 10 km do aeroporto da capital federal;
– 19h56m44s – Jardim Alvorada, bairro de Maringá (PR).
Os horários de geolocalização do celular de Martins condizem com os horários do voo para Curitiba, que os advogados dizem que o ex-assessor realizou em 31 de dezembro de 2022. A Latam confirmou que Filipe Martins embarcou para a capital paranaense.
Em 26 de junho, Moraes intimou as empresas Uber, iFood, os bancos BMG e Nubank e a Tim para fornecerem informações que comprovem a permanência de Filipe Martins no Brasil em dezembro de 2022. Até o momento, as outras empresas não enviaram os dados.
O passaporte diplomático de Martins indicou que ele teria entrado nos Estados Unidos em 30 de dezembro de 2022 em Orlando, na Flórida. Mas o ex-assessor perdeu o documento em 26 de fevereiro de 2021, conforme mostra um boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil do Distrito Federal.
Prisão e indícios frágeis
O ex-assessor de Bolsonaro foi preso em 8 de fevereiro de 2024 na Operação Tempus Veritatis e segue detido. A prisão foi autorizada sob o argumento da PF, aceito por Moraes, de que Martins estaria foragido e havia risco de ele fugir do país.
O “risco de fuga” teria sido embasado pela suposta viagem para a Flórida em 30 de dezembro de 2022, mas essa informação nunca foi comprovada pelas autoridades do Brasil nem dos Estados Unidos.
O relatório da PF que cita possível evasão do país “para se furtar de eventuais responsabilizações penais” está na decisão de Moraes.
A informação de que Filipe Martins teria embarcado para os EUA, como se observa, não havia sido confirmada – mas a prisão havia sido requerida mesmo assim.
Sobre “a localização do investigado” ser “incerta”, a PF desconsiderou fotos do ex-assessor de Bolsonaro publicadas em perfil aberto na internet.
Além disso, quando Martins foi preso, a PF soube onde procurá-lo: no apartamento da namorada em Ponta Grossa (PR), a 117 km de Curitiba – logo, o seu paradeiro era conhecido. Ele hoje está no Complexo Médico Penal de Pinhais (PR), o mesmo onde ficavam os presos na operação Lava-Jato.
Fonte: Poder360