O ex-coordenador da força-tarefa da operação Lava Jato de Curitiba Deltan Dallagnol afirmou ao UOL que o sorteio que será feito do triplex do Guarujá (SP), imóvel atribuído ao ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva pelos procuradores, “é um símbolo palpável da impunidade no Brasil que foi garantida pelo STF”.
“O sorteio na internet de um bem que deveria ser confiscado passa a mensagem de que o crime vale a pena”, disse Dallagnol, recém-filiado ao Podemos, partido que lançará a candidatura de Sergio Moro à presidência da República.
A propriedade, porém, chegou a ser confiscada e arrematada em leilão judicial pelo empresário Fernando Gontijo, que fará a entrega do imóvel por meio da plataforma pancadao.com.br.
A intenção de sortear o imóvel foi divulgada pela coluna de Mônica Bergamo, da Folha, nesta semana, e está previsto para o dia 30 de março de 2022.
Segundo Dallagnol —que vai se candidatar a deputado federal por Curitiba—, “após três instâncias da Justiça” afirmarem que o triplex foi fruto de “corrupção e lavagem de dinheiO ex-procurador lembrou que o imóvel havia sido reformado pela construtora OAS Empreendimentos, megaempreiteira que era responsável por refinarias e grandes obras no Brasil e no exterior, o que seria incomum.
“Onde mais você viu uma megaconstrutora que levanta refinarias e grandes obras se ocupar de reformas milionárias e da cozinha de um simples apartamento? E quem imagina que isso foi feito de graça?”, questionou o ex-procurador.
Para Deltan, as decisões do STF marcam um “desfecho vergonhoso para os tribunais” e “para os brasileiros que estão cansados com a impunidade no Brasil”.
Triplex famoso
Foi como triplex do Guarujá, como ficou conhecido o imóvel no condomínio Solaris, que os procuradores da operação Lava Jato conseguiram a primeira condenação judicial do ex-presidente Lula. O imóvel foi confiscado em em abril de 2018.
A sentença elaborada pelo ex-juiz Sergio Moro chegou a ser referendada por instâncias superiores, mas foi derrubada pelo STF (Supremo Tribunal Federal). A Corte decidiu que o ex-magistrado era suspeito e impedido para julgar os casos do petista.
No fim de novembro, Lula conseguiu uma decisão da segunda turma do Supremo que determinou o desbloqueio dos bens do ex-mandatário.
Resposta a Bolsonaro
Neste domingo, Dalagnol rebateu acusações do presidente Bolsonaro de que teria procurado uma audiência com o presidente em 2019. O ex-procurador disse que “jamais” pediu ou aceitou algum convite de reunião com Bolsonaro.
“Interlocutores do Palácio do Planalto me procuraram em 2019 para perguntar se eu aceitaria me reunir com ele (Bolsonaro), mas eu recusei do mesmo modo como recusei o convite para ir me encontrar com (Michel) Temer em 2016”, afirmou.
Fonte: Uol
