A ex-governadora Roseana Sarney emocionou seguidores ao revelar que o tratamento contra o câncer de mama “não tem sido fácil”. Aos 71 anos, ela compartilha a vulnerabilidade e a força necessárias para enfrentar o diagnóstico, reacendendo nas redes sociais a discussão sobre o câncer de mama triplo negativo, um dos subtipos mais agressivos da doença, mas que, com diagnóstico precoce e tratamento bem conduzido, pode ter excelentes taxas de cura.
De acordo com a ginecologista e obstetra Núbia Fontes, esse subtipo se diferencia por não possuir os receptores de estrogênio, progesterona e HER2, alvos usados em boa parte dos tratamentos tradicionais. Isso faz com que terapias hormonais e algumas drogas específicas não funcionem nesses casos, direcionando o tratamento para quimioterapia e imunoterapia.
O oncologista e mastologista Dr. Wesley Pereira Andrade, MD, Ph.D., reforça que a ausência desses três marcadores é exatamente o que caracteriza o triplo negativo, e também o que explica seu comportamento mais acelerado. Segundo ele, trata-se de um subtipo mais comum em mulheres jovens, em pacientes com mutações hereditárias como BRCA1 e em alguns grupos populacionais específicos.
Apesar disso, o médico faz questão de destacar um ponto crucial: “Embora seja agressivo, esse subtipo costuma responder muito bem à quimioterapia, e mais recentemente à imunoterapia, o que abre uma oportunidade concreta de cura, especialmente quando o diagnóstico é precoce.”
Avanços recentes têm mudado o cenário
Como explica Fontes, o tratamento costuma começar pela quimioterapia neoadjuvante, que reduz o tumor antes da cirurgia e aumenta as chances de remoção completa. Dependendo da resposta da paciente, radioterapia também pode ser indicada após o procedimento.
Wesley reforça que os últimos avanços da oncologia transformaram o prognóstico do triplo negativo. Para tumores acima de 2 cm ou com comprometimento de linfonodos, a associação de quimioterapia + imunoterapia antes da cirurgia tem se tornado o padrão. A resposta obtida nessa fase funciona como um “termômetro biológico”: quando a paciente alcança a resposta patológica completa (ausência de tumor na cirurgia) as taxas de cura aumentam significativamente.
Após a cirurgia, o tratamento pode incluir ainda terapias específicas conforme a carga tumoral residual, como capecitabina ou inibidores de PARP, especialmente em pacientes com mutações BRCA.
A mensagem dos especialistas converge: mesmo sendo um câncer de comportamento intenso, há chance real de cura quando a abordagem é precoce, estruturada e multidisciplinar.
Sintomas, sinais de alerta e o papel decisivo do diagnóstico precoce
Por crescer rapidamente, o câncer de mama triplo negativo pode se tornar perceptível em poucas semanas. Núbia Fontes explica que um nódulo endurecido, firme e de crescimento acelerado é o sinal mais frequente, geralmente percebido pela própria mulher.
“Esse nódulo costuma ser indolor, de consistência firme e com bordas irregulares. Em alguns casos, é possível notar alterações na pele da mama, como retração, vermelhidão, espessamento ou aspecto de ‘casca de laranja'”, explica a médica.
Dr. Wesley completa que, apesar do crescimento rápido, muitas pacientes não apresentam sintomas no início, e o diagnóstico é feito exclusivamente pelo rastreamento. Ele reforça a importância dos exames: “A mamografia continua sendo a principal ferramenta para detectar tumores pequenos, silenciosos e potencialmente curáveis, geralmente complementada por ultrassom e ressonância magnética das mamas, conforme indicação”.
Os especialistas concordam: conhecer as próprias mamas é essencial, mas é a rotina de exames, e não o autoexame isolado, que salva vidas.
Fonte: Terra





