A maioria dos 15 deputados do PDT que votaram a favor da proposta de emenda constitucional (PEC) dos Precatórios pretende manter o voto pela aprovação, segundo relatos ao Valor, apesar de toda a pressão do partido para que mudem de voto, inclusive com a “suspensão” da pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência.
O presidente do PDT, Carlos Lupi, convocou reunião da Executiva do partido para terça-feira, às 12h, para fechar questão contra a proposta. A intenção é convencer os deputados a mudar de voto e punir os dissidentes – a PEC teve apenas o texto-base aprovado, as emendas e o segundo turno serão votados nesta terça-feira (9).
Os deputados que votaram a favor da PEC combinaram de jantar na casa do deputado Mario Heringer (PDT), presidente do partido em Minas Gerais, para discutir uma posição conjunta, mas o discurso é de que não há espaço para mudar de voto e ficar com a fama de “não cumprir a palavra na Câmara”.
Os pedetistas foram decisivos para que a PEC passasse na Câmara, aprovada com uma margem de apenas quatro votos – eram necessários 308 e 312 deputados votaram a favor, inclusive os 15 do PDT. O texto dará mais dinheiro para o governo gastar no ano da eleição, mediante o não pagamento de dívidas judiciais (precatórios) e mudança no teto de gastos (regra que proíbe o governo federal aumentar suas despesas acima da inflação de um ano para o outro).
Um deputado do partido relata que conversou com outros cinco nesta segunda-feira e que todos estão defendendo manter a posição. “Eu não posso ficar desmoralizado na Câmara se o Ciro errou. Ele tinha sido comunicado na noite anterior da decisão da bancada”, disse esse parlamentar.
Ciro se manifestou pelo Twitter logo após a aprovação da PEC. Disse que a postura do PDT foi uma “surpresa fortemente negativa” e que deixava sua pré-candidatura “em suspenso até que a bancada do meu partido reavalie sua posição” para o segundo turno de votação da proposta.
“Justiça social e defesa dos mais pobres não podem ser confundidas com corrupção, clientelismo grosseiro, erros administrativos graves, desvios de verbas, calotes, quebra de contratos e com abalos ao arcabouço constitucional”, escreveu Ciro na rede social.
Na opinião de outro deputado, a bancada “bater o pé” e manter a posição não impedirá Ciro Gomes de ser candidato e a “poeira vai baixar” nas próximas semanas. Além disso, há o entendimento de que Lupi não punirá quem votar a favor, já que se tratam de figuras históricas do partido e presidentes regionais.
“Uma coisa é punir oito deputados de uma bancada de 30 que votaram a favor da reforma da Previdência. Dessa vez não são a Tabata e o Gil Cutrim, são deputados com muitos mandatos, com história no partido, vários são presidentes estaduais”, disse esse pedetista.
Uma consequência mais prática da sessão é que o secretário estadual de Planejamento do Ceará, Mauro Filho, deve reassumir o mandato de deputado para votar contra a PEC.
Fonte: Valor Econômico