Foto: Reuters/Ricardo Moraes
Informações do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e documentos já tornados públicos pelo jornal O Globo, no ano passado, desmentem a versão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que o governo de Jair Bolsonaro é responsável pelo calote da Venezuela e de Cuba, que deixaram de pagar financiamentos obtidos com o banco estatal.
Juntas, as ditaduras de Cuba e Venezuela obtiveram, nos governos petistas de Dilma Rousseff e de Lula, entre 2003 e 2016, financiamento para obras no montante de quase US$ 2,2 bilhões. A verba foi usada para o Porto de Mariel, em Cuba, e para o metrô de Caracas, entre outras. Mas os governos amigos de Lula deram calote, e o Brasil deixou de receber, até agora, mais de US$ 900 milhões — valor nominal, não atualizado com juros e eventuais multas contratuais.
Apesar disso, Lula tentou culpar o governo de Jair Bolsonaro (PL) pelo calote. Na posse do novo presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, na segunda-feira (6), o presidente declarou: “Os países que não pagaram, seja Cuba ou Venezuela, é porque o presidente (Bolsonaro) resolveu cortar as relações com eles para não cobrar e poder ficar nos acusando”, disse o chefe do Executivo, acrescentando que, agora, “esses países vão pagar, porque são todos países amigos do Brasil”.
O BNDES informa que a inadimplência da Venezuela começou em 2017, antes de Bolsonaro assumir, em 2019. Além disso, em dezembro, o blog de Malu Gaspar, do jornal O Globo, mostrou documentos que comprovam que Bolsonaro, apesar do rompimento das relações com o governo de Nicolás Maduro, manteve as cobranças, enviadas a Juan Guaidó, reconhecido pelo Brasil, pelos Estados Unidos e por diversos países como presidente venezuelano.
As cartas de cobrança, segundo a coluna, foram enviadas à representação da Venezuela no Brasil, pela Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia. Apesar disso, a Venezuela nada pagou.
Quem pagou os empréstimos da Venezuela até agora foi o Fundo de Garantia à Exportação (FGE), bancado pelo Tesouro Nacional. Ou seja, o dinheiro para as obras em Cuba e na Venezuela, feitas pelas empresas envolvidas na Lava Jato, como a Odebrecht e Andrade Gutierrez, saiu do contribuinte.
Moçambique, país africano que também teve obras financiadas pelo BNDES nos governos petistas, também deu calote e deve ao Brasil US$ 122 milhões.
Fonte: Revista Oeste