João Doria (PSDB) anunciou hoje (31) a saída do governo do Estado e que vai ser candidato à Presidência da República, após um dia marcado por notícias desencontradas, disputas internas e tensão. Ele passou o cargo ao vice, Rodrigo Garcia, que assume dia 2 de abril —e vai concorrer à cadeira no Palácio dos Bandeirantes nas eleições de outubro. “Cumpri a minha obrigação”, disse Doria.
Depois de horas de reuniões com aliados, a oficialização ocorreu no 4º Seminário Municipalista, no Palácio dos Bandeirantes, em evento que contou com plateia, escola de samba e gritos de “Brasil, pra frente, Doria presidente”. Em seu discurso, Doria fez um longo balanço de seus três anos e três meses de governo e, em alguns momentos, se mostrou emocionado. Ele só confirmou a candidatura ao Planalto no fim de sua fala.
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Logo no começo, elogiou Garcia —com quem estaria de relações estremecidas desde ontem (30). “Ao longo de três anos e três meses, São Paulo teve o privilégio de ser governado por dois governadores”, afirmou.
Chego hoje com sentimento de satisfação e realização. De ter cumprido o dever de honrar os compromissos que assumi com o povo de São Paulo e paz de espírito por ter seguido os preceitos morais de meu pai.”
João Doria (PSDB)
No evento com mais de 600 prefeitos, o primeiro a discursar foi o secretário do Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi —que também é presidente do diretório estadual do PSDB. Ele alfinetou o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que anunciou hoje que se filiou ao União Brasil e desistiu de concorrer à Presidência. Moro deve ser candidato a deputado federal por São Paulo.
“Neste governo, conseguimos fazer as reformas necessárias, os investimentos. É por isso que hoje representamos a continuidade desse projeto de alguém que já foi secretário de quatro pastas diferentes [Rodrigo Garci], que não vem a poucos dias do prazo eleitoral, mudar o título para São Paulo SP para ser candidato”, afirmou.
Por fim, anunciou, aos gritos: “Uma salva de palmas para o futuro presidente do Brasil, nosso governador do Estado de São Paulo, João Doria”.
Em seguida, o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Carlão Pignatari (PSDB), também elogiou Doria.
Marco Vinholi apresenta Doria como o “próximo presidente” pic.twitter.com/319z1B7YC0
— A Agência (@aagencia_info) March 31, 2022
Aprofundamento da crise no partido
A crise no PSDB teve novos capítulos e um agravamento importante nesta semana. Na segunda-feira (28), Eduardo Leite, governador gaúcho, anunciou sua renúncia ao cargo, mas disse que ficará no PSDB e se colocou disponível para um “projeto nacional”. Leite perdeu as prévias para Doria, em novembro. A avaliação, dentro da sigla, era que novas rusgas entre eles poderia respingar em todos.
Em São Paulo, outras conversas ocorreram. Até que ontem, Doria teria comunicado o seu vice, Rodrigo Garcia, que cogitava desistir da candidatura ao Planalto e continuar no governo estadual, conforme revelou o jornal Folha de S.Paulo. Isso romperia com um acordo fechado há três anos entre os dois políticos: Garcia se filiou ao PSDB e seria o candidato do partido ao governo paulista, enquanto Doria disputaria a campanha nacional.
A notícia movimentou a política paulista —aliados chegaram a pedir ajuda de tucanos históricos, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador José Serra, para convencer Doria a sair do cargo e se lançar à campanha nacional. Também houve pressão do presidente da Câmara Municipal da capital paulista, Milton Leite (União Brasil) e o MDB, do prefeito Ricardo Nunes, participou das articulações.
Hoje, no fim da manhã, o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, havia enviado carta ao diretório de São Paulo afirmando que Doria era o candidato à Presidência da República pela sigla. E aliados se reuniram com o governador paulista.
Do Uol