ARACAJU/SE, 26 de outubro de 2024 , 23:20:53

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Edvaldo: “Meu governo não compactua com nenhum desvio”

 

Em entrevista ao Correio de Sergipe, o prefeito Edvaldo Nogueira faz um balanço dos 100 primeiros dias da sua gestão e responde a questionamentos sobre os problemas com o lixo e a greve dos médicos. Ele ainda anuncia a retomada de obras e rebate as críticas da oposição. Confira:

CORREIO DE SERGIPE – Na última segunda-feira (10), o senhor completou 100 dias à frente da prefeitura de Aracaju. Qual o balanço deste período?

EDVALDO NOGUEIRA – Mesmo diante de todas as dificuldades que estamos enfrentando, o saldo deste período é muito positivo. O grande fato destes 100 dias é que regularizamos o salário dos servidores, que estavam sem receber em dia há um ano e meio. Ao chegar à prefeitura, encontramos dois salários atrasados, mas em 45 dias, pagamos quatro folhas – o 13º salário, o salário de dezembro, além dos vencimentos de janeiro e fevereiro. Em março, também fizemos o pagamento em dia. Para se ter uma ideia da importância disso, até o último dia 31, nós injetamos na economia aracajuana R$ 320 milhões, através dos pagamentos dos salários dos servidores. Além disso, conforme nos comprometemos na campanha eleitoral, atuamos para regularizar a prestação dos serviços na cidade. Coletamos mais de 800 toneladas de lixo em bairros onde a coleta ficou sem ocorrer regularmente nos últimos três meses do ano. Negociamos diversos contratos com fornecedores, o que permitiu voltar a disponibilizar mais de 90% dos medicamentos nas unidades básicas de saúde; aumentamos as matrículas na rede municipal de ensino de 27 mil para 32 mil vagas; realizamos pequenas intervenções em mais de 400 ruas da cidade, além de ter recuperado a avenida Euclides Figueiredo, que estava há mais de seis meses toda esburacada. Criamos a comissão que está estudando os mecanismos legais para revogar o aumento anual de 30% do IPTU. Através do programa Terminal Seguro, da Guarda Municipal, houve uma redução de quase 60% dos crimes nos terminais de ônibus. Além disso, inauguramos obras, como o Centro de Artes e Esportes Unificados do bairro Olaria, um projeto que eu deixei iniciado em 2012, mas que a gestão passada não concluiu; e na última segunda-feira, nós entregamos a primeira escola de Ensino Infantil do bairro 17 de Março. Lá também assinamos a ordem de serviço para retomada das obras da primeira unidade de ensino fundamental da região. Assim, nestes 100 dias, cumprimos com aquilo que nos propusemos. Estamos trabalhando muito. Apesar da crise que encontramos, a cidade já sente que voltou a ter prefeito.

CS – Estes 100 dias ficaram marcados também por duas situações: a crise do lixo e a greve dos médicos. Sobre o primeiro tema, na última quarta-feira (12), o senhor cumpriu a decisão judicial que suspendeu Mendonça Prado da presidência da Emsurb e anunciou o procurador Netônio Machado como interino na função. Como o senhor avalia todo este imbróglio?

EN – Você definiu muito bem quando tratou desta situação como imbróglio. É isso que está ocorrendo. É uma luta de uma empresa contra outra, que, infelizmente, está atrapalhando a correta prestação do serviço ao cidadão. A coleta do lixo em Aracaju sofreu uma deterioração imensa na gestão passada, sobretudo nos dois últimos anos. Quando assumimos a prefeitura, havia um contrato emergencial em curso, firmado pela administração anterior, que se encerraria no dia 6 de março. Então, de forma correta e ética, a Emsurb abriu uma concorrência pública para dar continuidade ao serviço. Não foi uma licitação, pois não havia tempo para isso. Infelizmente, este processo terminou enveredando pela via judicial, o que suspendeu o contrato com a empresa vencedora. Além disso, outra decisão prorrogou o contrato atual, com a empresa Cavo por 70 dias. Estas duas questões estão sub judice. Mas temos muita convicção de que a prefeitura agiu de maneira lícita neste processo. A direção da Emsurb, liderada pelo presidente Mendonça Prado, atuou de maneira correta. Com a decisão da última semana de afastar a direção da empresa, sobre a qual nós iremos recorrer, decidimos pelo nome do procurador Netônio Machado, que assumiu provisoriamente o cargo de presidente da Emsurb. Todos conhecem a competência, a capacidade, a inteligência e a integridade ética de Netônio. Além disso, a escolha por ele é a prova inequívoca de que o nosso governo não compactua com nenhum desvio ético. Reforço: todos os atos praticados pela nossa gestão, do dia 1º de janeiro até hoje, são lícitos, éticos e dentro da lei, é isso que prezamos, pregamos e fazemos quando estamos no governo. Quanto às investigações, quero reafirmar que a nossa gestão apóia a apuração de todos os fatos.

CS – E em relação à greve dos médicos? A Justiça não reconheceu a ilegalidade pedida pela prefeitura. E agora?

EN – Iremos recorrer da decisão tomada na última quarta-feira (12), pois entendemos que os salários de todos os servidores já foram regularizados. 60% dos médicos receberam o salário de dezembro integralmente, via operação de crédito, mecanismo este que teve a adesão de 90% dos profissionais das outras áreas da Saúde. Além disso, é importante lembrar que 100% dos médicos receberam na nossa gestão o 13º salário e os vencimentos de janeiro, fevereiro e março. Ou seja, a prefeitura está fazendo a sua parte. Além disso, não podemos mudar uma proposta que já foi acatada por quase 14 mil servidores para atender a um contingente de 200 médicos. Não é justo. Sendo assim, mantenho a minha posição de apelar aos médicos para que retornem aos seus postos de trabalho.

CS – O senhor falou no início sobre a inauguração de algumas obras, que já ocorreram nestes 100 primeiros dias. Há outras intervenções previstas para este ano?

EN – Todo o nosso esforço tem sido neste sentido. Iremos retomar, paulatinamente, à medida que os recursos forem sendo liberados, as obras paralisadas no último governo. Cerca de 40 destas obras, inclusive, fui eu quem projetei, assegurei os recursos e até iniciei uma parte delas quando fui prefeito anteriormente. A praça do bairro Olaria e as escolas do 17 de Março são um exemplo disso. Por falar nestas escolas, as duas são as primeiras unidades de ensino do bairro. Uma, que já entregamos no 100º dia da nossa gestão, tem um pedagogia inovadora, e atenderá 250 crianças. A outra, que eu assinei a ordem de serviço, deve ficar pronta em até seis meses e atenderá estudantes do ensino fundamental. Ainda naquela região do 17 de Março e Santa Maria, iremos retomar a ponte que liga os dois bairros e faremos a pavimentação de 63 ruas no Santa Maria. No início do segundo semestre, após o período das chuvas, nós iremos iniciar estas obras.

CS – Enquanto o senhor faz uma avaliação positiva dos seus primeiros 100 dias, a oposição enxerga de forma diferente e diz que o senhor não cumpriu promessas. Qual a sua opinião sobre as críticas dos seus adversários

EN – Em um determinado momento, a oposição, sem ter o que dizer, começou a espalhar que eu estava sumido da cidade, o que, obviamente, não é verdade. Trabalho todos os dias. Chego cedo à prefeitura e de lá só saio, geralmente, às 21h. O quadro de problemas que encontramos na prefeitura não me permite ficar de blábláblá. Enquanto a oposição fala, eu realizo. Esta é a verdade dos fatos. Estou nas ruas, dialogando com o povo, entregando obras, participando dos nossos mutirões de limpeza; no meu gabinete, recebo lideranças comunitárias, representantes dos servidores. Como afirmamos esta semana, pelas redes sociais, foram 100 dias sem parar. Carrego na alma o desejo de construir uma cidade melhor para o nosso povo. É isto que me move a recuperar a nossa cidade que foi vitima de uma hecatombe nos últimos quatro anos. A herança que recebemos não se restringe a uma dívida de R$ 830 milhões (sendo R$ 530 milhões de curto prazo e R$ 300 milhões de médio e longo prazo). Havia uma desorganização em todas as secretarias e vários contratos problemáticos, sendo o maior exemplo disso o contrato do lixo. De modo que o discurso da oposição é dor de cotovelo e o inconformismo com o resultado das urnas. Mas quero ressaltar que não serão as aves agourentas, nem os prenunciadores do caos que atrapalharão a nossa administração. Os problemas são grandes, as dificuldades são imensas, a crise desmoronou o nosso sistema, mas nada melhor do que alguém que quer reconstruir, para enfrentar este momento. Ao final dos quatro anos do nosso governo, Aracaju estará numa situação muito melhor do que a que deixei para o meu sucessor em 2012. Este é o meu compromisso. Tenho muita coragem e determinação. Nunca me enverguei e não vou me envergar. Carrego comigo o compromisso de fazer o bem, de construir uma cidade melhor.

 

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