O vice-presidente da Braskem, Marcelo Arantes de Carvalho, afirmou pela primeira vez, nesta quarta-feira (10), em Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado, que a companhia é “responsável” pelo desastre ambiental e social causado em Maceió (AL), que levou ao afundamento do solo em diferentes bairros.
“A Braskem tem, sim, a contribuição e é responsável pelo evento em Maceió. Isso já ficou claro. Não é à toa que todos os esforços da companhia têm sido colocados para reparar, mitigar e compensar todo o dano causado à subsidência na região”, declarou Arantes em seu depoimento na comissão.
A empresa negou ter responsabilidade desde que os primeiros relatórios a indicaram como causadora do afundamento do solo na capital alagoana. Nesta quarta-feira, o vice-presidente da companhia disse que a petroquímica “tem culpa nesse processo” e que assume “a responsabilidade por isso”.
Arantes teve seu pedido de convocação aprovado logo no início dos trabalhos da comissão. Ele é vice-presidente Global de Pessoas, Comunicação, Marketing e Relações com a Imprensa da Braskem, e foi destacado para atuar na comunicação da empresa em Maceió junto à comunidade local.
Antes de comparecer ao depoimento, o vice-presidente da Braskem teve um pedido de habeas corpus concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli, que deu a possibilidade de o dirigente da petroquímica ficar em silêncio em perguntas que pudessem incriminá-lo na CPI.
Em alguns momentos, o silêncio de Arantes irritou o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM).
“Era só essas sete pessoas trabalhando na mina? O senhor não é diretor global de pessoas e tal? Deve saber. O mínimo que o senhor tem que saber é quantas pessoas tinham trabalhado na mina. Se tecnicamente o senhor não pode nos responder absolutamente nada, então nós estamos perdendo muito tempo aqui, Rogério, porque são questões técnicas que a gente precisa saber”, declarou Aziz.
O vice-presidente da empresa respondeu que entrou no episódio de Maceió só no “processo de comunicação”. “Eu não tenho conhecimento técnico da parte operacional da companhia”, afirmou.
A CPI da Braskem foi instalada em dezembro do ano passado para investigar os danos ambientais causados em Maceió (AL) pela empresa petroquímica. Segundo o plano de trabalho apresentado, a investigação é realizada em três etapas:
– 1ª etapa: análise do histórico da atividade minério-industrial envolvendo a pesquisa e lavra de sal-gema na região sob investigação;
2ª etapa: investigação das causas, dimensionamento dos passivos, responsabilização da empresa e reparação justa aos atingidos;
3ª etapa: análise das lacunas e falhas na atuação dos órgãos de fiscalização e controle e proposição de melhorias no arcabouço legal e regulatório.
Fonte: Poder360