ARACAJU/SE, 1 de novembro de 2024 , 22:33:02

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Em depoimento à CPI, Luciano Hang admite contas no exterior e nega ter financiado fake news

O empresário bolsonarista Luciano Hang negou nesta quarta-feira (29), em depoimento à CPI da Covid, ter financiado “esquema de fake news”. Dono da rede de lojas Havan, Hang é suspeito de ter financiado a disseminação de conteúdo falso, em especial sobre tratamentos ineficazes contra a Covid-19.

“Quero afirmar aqui nesta Casa, com a consciência tranquila e com a serenidade de quem tem a verdade a seu lado, que não conheço, não faço e nunca fiz parte de nenhum gabinete paralelo. Nunca financiei nenhum esquema de fake news e não sou negacionista”, declarou Hang no início do depoimento.

No depoimento, Hang também disse que: tem contas no exterior; a morte da mãe dele foi usada politicamente; continuará postando opiniões nas redes sociais; fake news atribuem a rede Havan a filhos de Lula e Dilma.

Em maio deste ano, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Luciano Hang. A operação mirou o suposto envolvimento de políticos, empresários e blogueiros na disseminação de conteúdo falso na internet.

Na fala aos senadores nesta quarta, o empresário disse que não é e “nunca” foi contra vacinas. “Tanto que disponibilizei todos os nossos estacionamentos como pontos de vacinação. Além disso, juntamente com outros empresários, fizemos campanha para que a inciativa privada pudesse comprar e doar para acelerar o processo de imunização”, declarou.

Segundo Hang, as opiniões deles são publicadas em redes sociais. “Como qualquer brasileiro, resguardado pela nossa Constituição e pela democracia, não abro mão da minha liberdade de expressão”, afirmou.

Antes do depoimento, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), perguntou a Hang se ele se comprometeria a dizer a verdade. A defesa do empresário, então, respondeu que ele não iria se comprometer por estar na condição de investigado, não de testemunha.

Contas no exterior

Durante o depoimento, o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), questionou ao empresário se ele tem contas no exterior. Luciano Hang, então, indagou se a resposta deveria ser “sim” ou “não”.

Omar Aziz, então, abriu o microfone e afirmou: “Não interessa. Tem ou não tem? Sabe por que ele está perguntando? Porque a gente tem indícios de que vossa excelência usa suas contas no exterior para financiar fake news”.

Hang, na sequência, se dirigiu a Aziz e declarou: “Não, não. Omar, eu tenho tudo, eu estou tranquilo. Senador, eu tenho todo tempo do mundo para responder a todas as perguntas de maneira lógica para quem está nos vendo atrás das câmeras. Tenham a tranquilidade de receber a informação correta. Faz a pergunta e eu respondo”.

“O senhor tem conta no exterior?”, indagou novamente Renan Calheiros.

“Temos”, respondeu o empresário.

Propriedade da rede

Ainda no depoimento, Luciano Hang disse que a rede Havan é conhecida, mas o dono, “desconhecido”. Segundo ele, há uma fake news segundo a qual a rede pertence aos filhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à filha da ex-presidente Dilma Roussef.

“Quem falava isso?”, indagou Omar Aziz.

“O povo”, respondeu Hang.

“O povo não vai inventar uma história dessas”, respondeu Aziz.

O senador Humberto Costa (PT-PE), então, disse que quem fez a afirmação foi a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP).

“É isso, Humberto, até a deputada caiu na fake news”, disse Luciano Hang.

“Ela não caiu, ela criou. É diferente”, respondeu Humberto Costa.

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Morte da mãe

O nome de Luciano Hang também apareceu, na CPI, durante as investigações sobre a operadora de plano de saúde Prevent Senior. A mãe do empresário, Regina Hang, falecida em fevereiro após complicações da Covid, era cliente do plano de saúde.

Durante o depoimento desta quarta, Hang disse que a morte da mãe dele foi usada politicamente.

O presidente da CPI, Omar Aziz, então, respondeu: “Não fomos nós que trouxemos sua genitora para o debate.”

Financiamento de blogueiro

Documentos obtidos pela CPI e revelados pela TV Globo apontam que Hang teria financiado o blogueiro Allan do Santos, também bolsonarista e investigado pela disseminação de fake news.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, teria intermediado o contato entre o empresário e o blogueiro.

 

Por Marcela Mattos e Filipe Matoso, g1 — Brasília

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